Título: Honorários tão misteriosos como o veredicto final
Autor: Brígido, Carolina; Souza, André de
Fonte: O Globo, 01/08/2012, O País, p. 5

Valores pagos a criminalistas por réus são mantidos a sete chaves; famosos cobrariam R$ 1 milhão no mínimo

Um julgamento para a história

BRASÍLIA . O julgamento do mensalão reunirá os mais famosos - e caros - criminalistas do Brasil. Defenderão os réus profissionais como Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, ambos ex-ministros da Justiça, Inocêncio Mártires Coelho, ex-procurador-geral da República, Alberto Zacharias Toron e Eduardo Ferrão.

Os honorários são mantidos a sete chaves. Sabe-se no meio jurídico que nomes desse quilate não cobram menos de R$ 1 milhão por uma causa. Em 2007, quando o STF julgou a denúncia do Ministério Público contra os acusados do mensalão, dizia-se entre os advogados que tinha profissional cobrando R$ 1 milhão só para fazer a sustentação oral.

Entre os advogados, corre a informação de que o profissional mais em conta cobrou R$ 300 mil. Segundo os criminalistas Jairo Lopes e Eric Pio Belo, que não representam réus, o valor médio que os colegas cobraram é de R$ 500 mil.

Ao lado dos famosos estão advogados não tão badalados. Márcio Silva, que fez carreira como advogado eleitoral no PT, assumiu a defesa dos ex-deputados Professor Luizinho e Paulo Rocha (PT-SP). Ele diz que não cobrou porque é amigo de ambos e porque ter o nome estampado num processo como este é uma grande propaganda para um advogado.

- Não recebi nada. Sou amigo dos dois. O simples fato de um profissional estar vinculado a esse processo é um atrativo - contou Silva.

Dois dos advogados contratados a peso de ouro prestam serviço ao núcleo financeiro do esquema. Thomaz Bastos foi contratado por José Roberto Salgado, ex-presidente do Banco Rural, e José Carlos Dias é advogado de Vinícius Samarane, ex-diretor da instituição. Um deputado e dois ex-integrantes da Câmara também investiram alto em suas defesas: Alberto Zacharias Toron defende o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), Inocêncio Mártires Coelho atua para o ex-deputado José Borba (PMDB-PR), e Eduardo Ferrão, para o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE).