Título: Empresas se adaptam ao dólar a R$ 2
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 02/08/2012, Economia, p. 24

Exportadores reduzem preço; agências de viagens elevam parcelamento

TURBULÊNCIA GLOBAL

Tendo ultrapassado a cotação de R$ 1,90 e 2 de maio, e acima de R$ 2 quase todo o mês de julho, o dólar começa a afetar o resultado das empresas, de grandes exportadoras a pequenos negócios. O novo patamar do câmbio dá alívio aos exportadores, que começam a reduzir o preço em dólar de seus produtos, ganhando competitividade. Por outro lado, o fenômeno não é integralmente aproveitado por causa da menor demanda externa, causada pela crise europeia, e por causa de pressão dos bancos, que não repassam integralmente a valorização do dólar aos pequenos exportadores. No setor de turismo, a solução é reduzir pacotes de viagem e apelar para o parcelamento.

A taxa média do dólar usado por exportadores, conhecida como Ptax, valorizou-se 23% no segundo trimestre deste ano frente ao mesmo período de 2011, passando de R$ 1,57 para R$ 1,96. Com a valorização, a Klabin, maior exportadora de papéis do país, começou a direcionar suas vendas ao mercado externo em junho. Sua receita líquida subiu 5% no semestre. Os ganhos não foram maiores porque a empresa encontrou um mercado externo retraído, e suas vendas em volume recuaram 3% em relação ao mesmo período de 2011.

Segundo Cuniberto Effting, gerente de exportações da Buettner, que fabrica artigos de cama, mesa e banho, agora o câmbio começa a afetar os negócios.

- Esse câmbio nos favorece, em um primeiro momento, a recompor nossas margens e, depois, aumentar nossa competitividade, dando espaço para alguma redução nos preços em dólar a alguns clientes - afirmou.

A CVC, maior operadora de turismo do Brasil, afirma que o dólar a R$ 2 ainda mantém viagens internacionais atraentes. A empresa informou que a venda de pacotes a outros países em julho cresceram 16% frente a 2011. Mas a CVC tem incentivado o parcelamento e criado pacotes menores.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior Brasileiro (AEB), alerta que os ganhos do real desvalorizado não chegam integralmente aos pequenos exportadores. Castro acredita que o dólar continuará em um patamar elevado.

- O dólar pode estar a R$ 2,02, mas muitos bancos pagam apenas R$ 1,96 a pequenos exportadores.