Título: Mercado espera queda do lucro da Petrobras no 2º trimestre
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 03/08/2012, Economia, p. 26

Preço da gasolina está defasado em 18,1% em relação ao dos EUA

O mercado financeiro está bastante pessimista quanto aos resultados da Petrobras - não apenas os de abril a junho deste ano, que a companhia divulgará hoje, mas principalmente os dos próximos trimestres. Para alguns analistas, o lucro líquido do segundo trimestre deverá cair à metade em relação aos R$ 9,2 bilhões registrados nos primeiros três meses deste ano.

Erick Scott, da SLW Corretora, prevê que a Petrobras deverá fechar o segundo trimestre com um lucro da ordem de R$ 4 bilhões. A manutenção da defasagem dos preços da gasolina e do óleo diesel, aliada à valorização do dólar frente ao real no período, além dos maiores gastos com as importações desses derivados e o fraco desempenho da produção de petróleo são as principais causas para o resultado esperado.

- As perspectivas não são de melhoria enquanto o governo continuar fazendo uso político da Petrobras como instrumento de controle da inflação - afirmou Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora.

Futuro da empresa já preocupa

Segundo cálculos feitos pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIR), os preços do óleo diesel vendido nas refinarias da Petrobras estão 20,6% menores do que os preços cobrados no Golfo do México, do lado americano. Já a gasolina vendida no Brasil tem uma defasagem média de 18,1% em relação ao mercado americano.

No primeiro semestre do ano, a Petrobras deixou de arrecadar R$ 9,4 bilhões com a defasagem dos preços dos combustíveis, segundo cálculos do CBIE. De janeiro a junho deste ano, foram importados 4,4 bilhões de litros de óleo diesel, a R$ 1,64 o litro, um preço médio 40% maior do que o cobrado na refinaria da Petrobras, de R$ 1,18 por litro. Com as vendas do diesel no mercado interno a um preço menor do que o importado, a Petrobras teve uma perda no semestre de R$ 2,1 bilhões.

Já com a gasolina as perdas de receita da Petrobras por vender a um preço inferior ao que foi importado são estimadas em R$ 795,5 milhões no primeiro semestre do ano. A Petrobras importou 1,9 bilhão de litros de gasolina a um preço médio de R$ 1,57 o litro, 35% superior ao preço cobrados nas refinarias do país, de R$ 1,17 por litro.

Nathaniel Cezimbra, analista do Banco do Brasil, disse que é preocupante o futuro da Petrobras, porque nada indica uma melhoria em seus resultados. Além da tendência de os preços dos combustíveis continuarem defasados, a produção nacional de petróleo não crescerá significativamente pelo menos até 2014.

- O balanço vai vir sem brilho - afirmou Cezimbra.