Título: A lógica da eleição municipal
Autor: Tardáguila, Cristina
Fonte: O Globo, 04/08/2012, O País, p. 10

Márcia Cavallari

A primeira pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência no Rio de Janeiro, divulgada ontem pela TV Globo, mostra que a campanha de 2012 começa com vantagem para o atual prefeito, Eduardo Paes, com 49% das intenções de voto, enquanto os demais candidatos ainda não atingem dois dígitos. É fato que, após o advento da reeleição, prefeitos avaliados como bons gestores levam certa vantagem. Vale lembrar que, em 2008, cerca de 70% dos prefeitos das capitais do país foram reeleitos. Mas o voto do eleitor é soberano e, até a concretização da escolha, pode mudar.

É importante ressaltar que, apesar de a diferença na intenção de voto ser aparentemente significativa, devemos sempre considerar a pesquisa como um diagnóstico do atual momento e não um prognóstico do futuro. Mesmo candidatos com índices pouco expressivos agora podem surpreender na campanha, como já vimos acontecer muitas vezes. Sabe-se de uma ação em curso nas redes sociais a favor do candidato Marcelo Freixo.

Não é possível ainda prever o impacto desse tipo de ação, mas não é impossível que isso faça o candidato migrar dos atuais 8% para índices mais expressivos. Além disso, muitos dos candidatos ainda não são conhecidos pelos eleitores cariocas e, somente com a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, esse conhecimento será disseminado de forma homogênea para todos. Esse será o espaço onde cada candidato apresentará suas ideias e seu plano de governo para melhorar os problemas da cidade.

Observa-se que ideologias influenciam pouco nas decisões do eleitor, que está cada vez mais pragmático nas suas escolhas, buscando ganhos tangíveis e concretos, sempre na esperança de um futuro melhor. A esfera municipal é mais próxima do cidadão, pois ele vive na cidade uma experiência real, não apenas uma percepção, uma vez que os problemas do município afetam diretamente seu dia a dia. O eleitor espera melhorias na oferta de transporte público, lixo recolhido e tratado, ruas e calçadas em bom estado, áreas verdes preservadas, oferta de cultura e lazer, saúde e educação de qualidade, entre outros.

Entretanto, isso não quer dizer que questões éticas estejam relegadas a um plano inferior no processo decisório. Com o exercício da democracia, o eleitor também vem amadurecendo valores e processos de participação social que afloram em momentos de denúncias ou divulgação de casos de corrupção, por exemplo. Da mesma forma, são também temas relevantes a responsabilidade com o dinheiro público, a continuidade das obras de um gestor para outro e a parceria entre todas as esferas de governo.

Esses temas devem se somar à agenda lcoal da cidade e gerar novos temas de debate na campanha. O Rio vive um momento especial, porque será exposto ao mundo com os eventos esportivos dos próximos anos, e o desejo de todos, não só dos cariocas, mas de todos os brasileiros, é que um dos nossos cartões-postais mais bonitos apareça bem na foto!