Título: No desfile de celebridades, um assalariado escolhido pela presidente
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 05/08/2012, O País, p. 3

Defensor tentará livrar doleiro da acusação de lavagem de dinheiro

BRASÍLIA Em meio ao desfile de celebridades da advocacia nacional no julgamento dos réus do mensalão, um jovem advogado de 36 anos, com vencimentos mensais fixos, também deverá ocupar a tribuna do Supremo Tribunal Federal nos próximos dias. Trata-se do defensor público-geral federal Haman Córdova, responsável por fazer a defesa do doleiro argentino Carlos Alberto Quaglia. Distante das cifras milionárias, ele recebe, segundo o Portal da Transparência, salário mensal de R$ 24.061,02 brutos, ou R$ 16.919,44 líquidos. Formado em Direito na pouco tradicional Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal (UDF), faculdade particular, ele é defensor de Quaglia desde novembro passado, quando assumiu o cargo de defensor público-geral.

A tarefa dele é defender Quaglia da acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo a Procuradoria-Geral da República, o doleiro teria usado sua empresa Natimar para ajudar líderes do PP a lavar dinheiro do valerioduto. A Defensoria Pública foi acionada após Quaglia informar que os advogados que até então o atendiam não tinham procuração para tal. Para evitar manobras, o ministro Joaquim Barbosa determinou, em abril do ano passado, que o doleiro fosse atendido pela defensoria até apresentar novo advogado.

Responsável pela sustentação de todos os casos da defensoria que chegam ao Supremo, Córdova tem recebido ajuda de outros cinco defensores públicos federais do topo da carreira para a defesa do doleiro.

No início da semana, no entanto, ele quase deixou o caso. O advogado Haroldo Rodrigues se apresentou como representante legítimo de Quaglia e pediu a declaração de nulidade do processo em relação ao acusado. Rodrigues alegou que teria havido cerceamento de defesa pelo fato de não ter sido intimado para atos do processo. A ministra Rosa Weber, no entanto, negou o pedido, e Córdova deve fazer sua sustentação já na próxima semana.

Córdova foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff para o cargo de defensor público-geral após ter sido o mais votado da categoria para integrar a lista tríplice entregue à presidente.

Em seguida, seu nome foi referendado pelo Senado Federal. Córdova também foi presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais (Anadef) entre 2007 e 2009.