Título: Mendes defende sessão extra para o mensalão
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 07/08/2012, O País, p. 4

Ministro do STF diz ainda que polêmica com Lula estaria superada

SÃO PAULO O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes divergiu ontem do ministro Marco Aurélio Mello e defendeu a realização de sessões extras para cumprir o calendário do julgamento do processo do mensalão, caso seja necessário.

As audiências extraordinárias são defendidas por juristas para assegurar a participação do ministro Cezar Peluso, que completa 70 anos em 3 de setembro, data de sua aposentadoria compulsória. Recentemente, Marco Aurélio Mello disse que a Suprema Corte deveria evitar marcar sessões especiais para acelerar a análise da denúncia do Ministério Público.

Ontem cedo, em São Paulo, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a decisão sobre o calendário caberá ao presidente Carlos Ayres Britto. Porém, disse que, se for oportuno, o presidente terá o apoio dos demais ministros do Supremo para convocar novas sessões.

- Essa é uma questão que o presidente terá de analisar. Se houver necessidade, ele certamente fará uma convocação e nós vamos apoiá-lo - afirmou Mendes.

ex-ministros adotam silêncio

Gilmar Mendes não quis comentar questões pontuais do julgamento, como que tipo de prova é preciso para condenar um réu por corrupção. Marco Aurélio, por exemplo, defende que não é preciso uma prova cabal para caracterizar o crime de corrupção.

O ministro do STF afirmou ainda que está superado o episódio no qual o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva supostamente o teria pressionado para adiar o julgamento do mensalão, em virtude das eleições municipais deste ano.

- Foi tudo superado. O que tinha de ser falado já foi falado - respondeu Mendes, que participou de evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Os ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie e Nelson Jobim também participaram do evento e não quiseram comentar o julgamento do mensalão. Ambos deixaram o local por um elevador privativo.