Título: CPI recomeça hoje ouvindo namorada
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: O Globo, 07/08/2012, O País, p. 9

Amanhã será a vez da ex-mulher do bicheiro

BRASÍLIA A CPI do Cachoeira retoma hoje os trabalhos com o depoimento da namorada do contraventor, Andressa Mendonça. Amanhã será a vez da ex-mulher do bicheiro, Andréa Aprígio de Souza. Além do relacionamento com Cachoeira, as duas têm em comum a compra de fazendas que, para a Polícia Federal (PF), pertencem, ao bicheiro. Andressa irá depor na condição de investigada, enquanto Andréa poderá falar como testemunha.

Cachoeira é suspeito de ter comprado uma fazenda no nome da ex-mulher, manobra similar à estratégia adotada com Andressa Mendonça, que passou a ser investigada pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF) por figurar como proprietária de uma fazenda de R$ 20 milhões, situada a cem quilômetros de Brasília.

Relatório da PF sobre documentos apreendidos na deflagração da Operação Monte Carlo sugere o sequestro da fazenda em nome da ex-mulher Andrea, situada em Alexânia (GO), próximo a Brasília. Os documentos apreendidos não detalham o valor de compra da fazenda colocada no nome da ex-mulher de Cachoeira.

Já com o imóvel em nome da namorada Andressa, o bicheiro pretendia faturar R$ 38 milhões com novos loteamentos.

As investigações da PF apontam Andrea, a ex-mulher, e o irmão, Adriano Aprígio, como os principais testas de ferro de Cachoeira. A Vitapan Indústria Farmacêutica, empresa que teria sido usada para lavar dinheiro da jogatina, segundo a PF, também já esteve no nome dos dois. A indústria foi avaliada em R$ 100 milhões. Andrea também é sócia do Instituto de Ciências Farmacêuticas de Estudos e Pesquisas (ICF), em Goiânia.

A PF sugeriu ainda a apreensão de uma aeronave Cessna em nome de Andrea, "por se tratar de um bem adquirido com recursos de origem ilícita". Ela ainda é proprietária de imóveis em Miami (EUA) e Goiânia, como mostram os documentos apreendidos pela PF. O patrimônio em nome da ex-mulher de Cachoeira, conforme um relatório produzido após a deflagração da Monte Carlo, é de R$ 16,3 milhões. Um dia antes de ocorrer a operação, dois integrantes do grupo de Cachoeira conversaram sobre a revisão de um Porsche em nome de Andrea. Somente a revisão custou entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil.

Adiamento negado pela cpi

Na semana passada, o advogado de Andressa Mendonça, Gerardo Grossi, pediu para adiar o depoimento, mas o pedido foi negado.

Na última terça-feira, Andressa pagou fiança de R$ 100 mil à Justiça Federal para não ser presa. Ela é acusada de tentar chantagear o juiz Alderico Rocha Santos, da 5ª Vara Federal, responsável pelo processo em que Cachoeira e mais sete pessoas respondem por corrupção de agentes públicos, violação de sigilo e formação de quadrilha armada.

Já Andrea Aprígio conseguiu liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calada durante o depoimento.