Título: Defesa de Gushiken ataca MPF e pede declaração de inocência
Autor: Souza, André de; Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 09/08/2012, O País, p. 6

Para advogados do ex-ministro de Lula, acusação foi mesquinha

BRASÍLIA Mesmo após pedir a absolvição do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Luiz Gushiken, o Ministério Público Federal foi alvo de críticas dos advogados que defenderam o réu ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento do mensalão. A defesa quer que o Supremo, além de não condená-lo, proclame sua inocência ao fim do julgamento. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em suas alegações finais ao STF, apresentadas em 2011, pediu a absolvição do ex-ministro por falta de provas.

- A absolvição de Luiz Gushiken é certa, mas (o Ministério Público) alegou falta de provas. A defesa de Luiz Gushiken quer mais: o reconhecimento de que está provada sua inocência - afirmou ontem Luís Justiniano, um dos advogados de Gushiken.

Ele e o colega José Roberto Leal de Carvalho se revezaram na tribuna para fazer a defesa de Gushiken. Carvalho, que falou por último, usou a mesma linha de raciocínio.

- Disseram que o ilustre doutor procurador foi magnânimo ao pedir a absolvição de dois. Ele pode ter sido magnânimo, mas foi mesquinho - afirmou, acrescentando:

- A defesa, nas alegações finais, mostra que foram produzidas provas de que Luiz Gushiken não participou (de irregularidades).

Em 2006, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou Gushiken por peculato. Ele teria permitido que o então diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, antecipasse R$ 73 milhões do banco para a empresa do publicitário Marcos Valério, sem que houvesse documentação para comprovar a aplicação dos recursos. Mas o Ministério Público não conseguiu produzir provas contra ele.

- A única prova indiciária na denúncia com a suposta autoria (de peculato por Gushiken) foi o depoimento de Henrique Pizzolato na CPMI dos Correios em dezembro de 2005. Depoimento, como ocorre nas CPIs, sob holofote, flash. Os inquiridores têm mais interesse em falar do que ouvir, em ser filmado e fotografado. A testemunha é tratada como acusada. Foi ofendida, ironizada, constrangida a mudar de depoimento, julgada e condenada, abandonada às feras, sob clima de mais absoluto desprezo à pessoa humana - disse Justiniano ontem.

Advogado defende passado do cliente

O advogado também lembrou o passado de militância política do ex-ministro de Lula para atacar a oposição e dizer que Gushiken havia sido condenado injusta e publicamente pelos "tribunais midiáticos".

- Foi esse relevo político e essa história que levaram a oposição a insistir com toda ênfase no rol dos denunciados - disse.

Mesmo diante das duras críticas apresentadas pela defesa do ex-ministro de Lula, a Procuradoria Geral da República não comentou a defesa feita em plenário.