Título: Defesa do PP responsabiliza ex-tesoureiro que já morreu
Autor: Éboli, Evandro; Souza, André de
Fonte: O Globo, 10/08/2012, O País, p. 7

Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genu alegam que Janene comandava finanças do partido

um julgamento para a história

BRASÍLIA Os advogados dos dois primeiros deputados não petistas a defender seus clientes no Supremo Tribunal Federal (STF) negaram ontem a existência do mensalão e jogaram parte da responsabilidade sobre o ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010. Janene era o tesoureiro do PP na época do escândalo. A defesa do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), que foi presidente da legenda, argumentou que Janene sempre foi da Executiva do partido e era quem tinha proximidade com diretores da corretora Bônus Banval, onde tinha uma filha que trabalhava como estagiária. A corretora é acusada de lavar dinheiro para o partido. Já o advogado do então líder do PP Pedro Henry (MT), José Antônio Álvares, afirmou que Janene era quem cuidava das finanças.

- Está provado que Pedro Henry não recebeu para si e muito menos para outrem qualquer vantagem. Ele não detinha qualquer influência na parte administrativa ou financeira do Partido Progressista, que ficava a cargo de seu tesoureiro (Janene). Os acordos financeiros existentes entre os partidos não passavam pelo crivo do líder de bancada, cuja função era de externar a vontade da bancada - disse José Antônio Álvares, seguindo a linha adotada pelo defensor do ex-presidente do PP.

- O Janene sempre integrou a Executiva do PP e foi responsável pela aproximação com a Bônus Banval. Teve uma filha que trabalhou como estagiária nessa empresa. Pedro Corrêa não conhecia o pessoal da Bônus Banval - afirmou Marcelo Leal, advogado de Pedro Corrêa, que, ainda assim, disse que não pretendia "imputar culpa a Janene". Segundo ele, a campanha eleitoral de 2004 foi "capitaneada por ele (Janene)".

compra de votos é negada

Outro argumento da defesa de Pedro Corrêa, que teve seu mandato cassado pela Câmara por seu envolvimento no mensalão, é que não houve compra de votos dos parlamentares aliados. Para Leal, não houve relação e nem coincidência dos pagamentos feitos ao PP com votações no Congresso Nacional. Para tentar demonstrar a inocência de seu cliente, o advogado chegou a afirmar que, em 2003, Corrêa esteve presente em apenas 64 das 141 sessões da Câmara. Já estaria trabalhando para as campanhas eleitorais de 2004.

A defesa de João Cláudio Genu, ex-assessor de Janene, alegou que o acusado era apenas um subordinado que cumpria ordens.

O advogado Antônio Sérgio Pitombo, que defende Enivaldo Quadrado, da Bônus Banval, sustentou que as operações da corretora eram legais.

- Enivaldo não tinha ciência do que se passava. Não teria condições de saber que esses bens (dinheiro) tinham pretensas origens ilícitas. Não desconfiava daquele empresário (Marcos Valério) bem-sucedido, de Minas Gerais, criador de cavalos, homem rico, poderia estar envolvido com o governo federal - disse Antônio Sério Pitombo.