Título: Se eu soubesse disso, jogaria Lula no chão
Autor: Coelho, André
Fonte: O Globo, 14/08/2012, O País, p. 3

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, assistiu pela televisão à defesa feita por seu advogado Luiz Francisco Barbosa, no Supremo Tribunal Federal (STF). O petebista ficou em seu apartamento, na Barra da Tijuca, ao lado da mulher, Ana Lúcia Moraes, e de assessores. Ao GLOBO, Jefferson afirmou que "jogaria Lula no chão" há sete anos, quando denunciou o mensalão, se soubesse na época da suposta relação do ex-presidente com o banco BMG. Barbosa fundamentou a acusação contra Lula ao citar uma medida provisória baixada pelo governo que permitiu que bancos pudessem operar o crédito consignado.

- Esse banco (BMG) que está denunciado (no mensalão) recebeu tratamento privilegiado do governo. Nunca imaginei essa relação tão íntima. Se eu soubesse disso, jogaria o Lula no chão. Na época, eu relatei apenas o que vi. O Barbosa falou o que ele pesquisou - disse Jefferson, que ainda se recupera da recente operação de retirada de um tumor no pâncreas.

- Mas eu não quero acusar o Lula. A minha tribuna já foi encerrada lá atrás. Eu era o ator. Agora, sou expectador e acusado - disse o petebista.

Em 2005, jefferson culpou dirceu

A tese do advogado contraria as declarações de Jefferson, em 2005, em seu depoimento na Comissão de Ética da Câmara. À época, o presidente do PTB contou que foi ele quem avisou Lula sobre o mensalão. No mesmo depoimento, ao se referir ao ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (PT), outro réu no processo, Jefferson defendeu Lula:

- Zé Dirceu, se você não sair rápido daí (do governo), você vai fazer réu um homem inocente, que é o presidente Lula. Rápido, sai rápido, Zé, para você não fazer mal a um homem bom, correto, de quem eu tenho orgulho de ter apertado a mão.

Apesar das divergências, Jefferson elogiou o desempenho de Barbosa.

- O advogado é do mesmo quilate do cliente. Tem a mesma audácia. Eu adorei - disse.

Ontem, em seu blog, Jefferson afirmou que a presidente Dilma já estaria a procura de novos ministros do STF:

"Enquanto o julgamento do mensalão corre, paralelamente e de forma discreta, Dilma já começa a procura pelos próximos integrantes do STF. Em setembro, o ministro Cezar Peluso se aposenta e, logo a seguir, é a vez do atual presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, deixar a Corte. Depois, o decano Celso de Mello também sai".