Título: Pelos trilhos, passam somente 20% da produção nacional
Autor: D"Ercole, Ronaldo; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 17/08/2012, Economia, p. 25

Pacote pode elevar participação para 30%. Mas transporte de passageiros não foi contemplado

O ocaso das ferrovias

Afalta de investimentos no setor ferroviário - que teve seu marco inicial, em 1.854, com a locomotiva "Baroneza" - fez com que a malha do país caísse de 38 mil quilômetros, na década de 60, para os atuais 29 mil quilômetros. A decadência veio com a degradação da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Criada em 1957, a rede, com sérios problemas de gestão, entrou no Programa Nacional de Desestatização (PND) em 1992.

A partir de concessões das malhas existentes na década de 90, o setor privado investiu, de 1997 a 2010, R$ 24 bilhões, contra R$ 1,3 bilhão da União no mesmo período, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Os investimentos não foram suficientes para ampliar a participação do setor no transporte de carga e de passageiros no país.

Pela malha ferroviária brasileira, passam cerca de 20% da produção do país - um patamar baixo, considerando a extensão territorial do Brasil. No Brasil, há 3,5 quilômetros de ferrovia para cada mil quilômetros quadrados. Bem abaixo de China (9,0), Canadá (4,7), Rússia (5,1) e dos EUA (22,9).

- O plano do governo, ambicioso, pode elevar em dez mil quilômetros a atual malha, fazendo com que cerca de 30% da produção nacional passe pelos trens. Ainda seria pouco. No Canadá e nos EUA, são 45%. Na Rússia e na China, 50% - disse Josef Barat, do Conselho de Infraestrutura da Fecomercio-SP.

Mas o pacote do governo não vai estimular, num primeiro momento, o transporte de passageiros. Para viabilizar o investimento, a tarifa por quilômetro cobrada pelo uso das ferrovias não seria atrativa para as pessoas substituírem a viagem de automóvel ou avião em longas distâncias, na visão do governo.

Mas, para o especialista no setor Helio Suêvo, o transporte de passageiros é viável.

- Ainda não perdemos esse trem. Mas estamos atrasados. É um absurdo não termos um trem entre Rio de Janeiro e São Paulo ou entre São Paulo e Minas Gerais.