Título: Infraestrutura recebe metade do desejado
Autor: Diniz, Débora
Fonte: O Globo, 19/08/2012, Economia, p. 45

Entre 2001 e 2011, país destinou só 2,15% do PIB ao setor, bem abaixo da América Latina

O investimento do Brasil em infraestrutura é metade do necessário para sustentar o crescimento. Estudo inédito da consultoria Inter.B revela que, de 2001 a 2011, o volume de recursos destinado ao setor foi de apenas 2,15% do Produto Interno Bruto (PIB), bem abaixo da média considerada ideal para os países em desenvolvimento na América Latina, de 4% a 6%. A ineficiência do governo em executar os projetos está entre as principais razões para o atraso nacional, um erro de percurso que pode estar começando a ser corrigido com a participação da iniciativa privada, como conclamou a presidente Dilma Rousseff ao anunciar, na última quarta-feira, a primeira etapa do Programa de Infraestrutura e Logística, já chamado informalmente de PAC Privado.

Coordenador do estudo, o economista Claudio Frischtak acredita que só a participação do setor privado é capaz de dobrar o percentual de investimentos, colocando o país em um nível satisfatório frente às nações em desenvolvimento.

- O Brasil precisa de um volume crescente de investimentos em infraestrutura e o Estado tem restrições para suprir essa carência, a começar pelo aspecto fiscal, já que o governo tem um limite de gastos. Outro ponto a considerar são as falhas do setor público na gestão dos investimentos, motivo pelo qual muitos projetos não saem do papel - afirma.

Sem uma participação ostensiva do setor privado, os investimentos despencaram. Desde a década de 70, a queda foi de 58% em relação ao PIB. Nos últimos dez anos, também houve redução: em 2001, o Brasil investia o equivalente a 3,15% em infraestrutura; no ano passado, o percentual caiu para 2,05%. As perspectivas para 2012 são pouco animadoras: a previsão de Frischtak é que fique abaixo de 2%.

O economista compara o Brasil a países dos Bric e da América do Sul para mostrar o quanto o Brasil está distante do modelo ideal. Em 2010, a China investiu o equivalente a 13,4% do PIB em infraestrutura; o Chile, 6,2%. Já a Índia programa investir 6% ao ano no período entre 2013 e 2017. O estudo mostra as consequências dessa falta de investimento: o percentual de rodovias pavimentadas em 2008 no Brasil era de apenas 14,1%, frente a uma média mundial de 49,1%.