Título: Nos aeroportos privatizados, mudanças só no ano que vem
Autor: Rodrigues, Lino; Scrivano, Roberta
Fonte: O Globo, 19/08/2012, Economia, p. 43

Empresas assumiram terminais, mas modernização virá a longo prazo

Lino Rodrigues

Roberta Scrivano

Michel Filho

SÃO PAULO As concessionárias vencedoras dos leilões de privatização dos aeroportos de Cumbica (Guarulhos/SP), Viracopos (Campinas/SP) e Brasília, realizados em fevereiro deste ano, assumiram na última quinta-feira as operações dos terminais, ainda em conjunto com a Infraero. Embora não se percebam grandes transformações na paisagem dos terminais, as novas operadoras já estão trabalhando a todo vapor para colocar seus projetos de ampliação e modernização em andamento.

- Mas, mudanças de maior porte só serão sentidas a partir de janeiro, quando assumiremos definitivamente o comando da operação - diz Antonio Miguel Marques, presidente da Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos (empresa criada pelo consórcio liderado pela Invepar, que venceu o leilão de Cumbica).

O plano da Invepar é estar com a primeira fase das obras prontas em março de 2014, um mês antes do previsto no edital e quatro antes do início da Copa. A previsão é investir R$ 2 bilhões, valor que inclui a construção de um edifício-garagem com capacidade para três mil veículos, reforma nas pistas e construção de saídas rápidas e de um novo pátio para aeronaves com 63 vagas e até a adequação de uma área para receber o A 380, o maior avião do mundo. No total, serão investidos R$ 4,5 bilhões até 2018. O dinheiro virá de financiamentos do BNDES e de bancos privados, que deverão cobrir 80% do total.

Marques diz que, antes das grandes obras, haverá "melhorias rápidas", como a implementação de nova sinalização com terminologia internacional, melhorias na iluminação, a renovação de todos os banheiros e a ampliação das áreas de esteiras de bagagens.

Além disso, será construído um terceiro terminal, com 194 mil metros quadrados, duas vezes o tamanho dos outros dois juntos. Paralelamente, será construído um dos três hotéis que o aeroporto terá até 2018. A ideia é fazer do terminal um grande shopping center, com marcas de luxo e entretenimento.

- Vamos seguir o estilo dos grandes aeroportos asiáticos - resume.

Já o projeto de Viracopos, em Campinas, se inspira no do Aeroporto de Munique, na Alemanha. A estrutura será de concreto, aço e vidro, com o conceito de "aeroporto cidade", diz João Santana, presidente do conselho de administração da Aeroportos Brasil, a concessionária que assumirá o Viracopos e que tem o grupo Triunfo no comando.

Na primeira fase do projeto, será investido R$ 1,4 bilhão, que inclui a construção de um novo terminal. No edital da licitação, a previsão era de investimento de R$ 873 milhões, mas o consórcio decidiu antecipar uma parte dos aportes que seriam aplicados na segunda fase do projeto.

- A obra do novo terminal começaria em outubro, mas estamos adiantados. Creio que em setembro iniciamos e terminamos em 17 meses, ou até abril de 2014 - disse Santana.

A concessionária já iniciou o que chama de "obras emergenciais" em Viracopos, que incluem a reforma dos banheiros, acesso coberto até os terminais e a ampliação das salas de embarque e espera. No aeroporto, no entanto, o repórter do GLOBO não encontrou na semana passada nenhuma obra.