Título: Paralisações antes da eleição
Autor: Oswald, Vivian;Bonfanti, Cristiane
Fonte: O Globo, 20/08/2012, Economia, p. 15

Quase 40 categorias cruzam os braços, causando transtornos em todo o país

Às vésperas das eleições municipais, no primeiro teste do governo nas urnas desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu no início do ano passado, os servidores públicos federais endureceram o discurso e partiram para o confronto, com uma explosão de greves de quase 40 categorias em todo o Brasil. Nas últimas semanas, os trabalhadores fizeram vigília na capital federal e quase que diariamente paralisaram, ainda que parcialmente, a Esplanada dos Ministérios.

O governo resistiu o quanto pôde e apenas na última semana começou a oferecer propostas de reajuste, bem abaixo dos índices reivindicados pelos servidores. Os transtornos foram sentidos pela população em quase todas as áreas. Devido à greve de mais de três meses dos professores das universidades federais, já é dado como certo que o ano letivo só será encerrado no início de 2013.

Em duas operações-padrão, os policiais federais travaram portos e aeroportos em todo o Brasil. Fiscalizações minuciosas nas fronteiras, feitas em 18 de junho por auditores da Receita, também causaram prejuízos e atrasos para importadores e exportadores. Em meio ao caos causado pelo funcionalismo, caminhoneiros decidiram parar as vias do país, contra recentes mudanças regulatórias feitas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Aposentados do INSS engrossaram os protestos para pedir aumento.

Nas últimas semanas, a Advocacia-Geral da União foi acionada pelo Executivo para garantir, por liminar, que os serviços essenciais fossem mantidos. Este foi o caso da Anvisa, dos fiscais agropecuários e da Polícia Federal. Quem não cumprir estará sujeito a multas. (Vivian Oswald e Cristiane Bonfanti)