Título: Obras decolam no Galeão
Autor: Nogueira, Danielle; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 21/08/2012, Economia, p. 21

Às vésperas da privatização, Infraero inicia reforma de R$ 153 milhões no aeroporto

De cara nova

RIO E BRASÍLIA A Infraero iniciou ontem nova etapa de obras no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim/Galeão, que o tornarão mais atraente para os investidores privados. São R$ 153 milhões em melhorias no Terminal 1, que vão de renovação da parte elétrica à substituição da cobertura, evitando goteiras que ainda incomodam funcionários e passageiros. O governo ainda não bateu o martelo quanto à data do leilão de privatização do Galeão - o Planalto trabalha com 5 de setembro -, mas é certo que os vencedores assumirão o aeroporto com boa parte das obras previstas até a Copa do Mundo de 2014 já concluídas ou em execução.

O total de recursos públicos previstos para as obras no Galeão são da ordem de R$ 650 milhões, considerando o período entre 2008, quando as melhorias começaram a ser feitas, e 2014, quando devem estar concluídas. O dinheiro vem do orçamento da Infraero, estatal que administra o aeroporto, ou diretamente dos cofres da União. Ao fim das obras, a capacidade de passageiros do aeroporto vai mais que duplicar: sairá dos atuais 17,4 milhões por ano para 44 milhões em 2014.

As obras iniciadas ontem estão a cargo do consórcio Novo Galeão, formado pelas empresas MPE Projetos, Consbem, IC Supply, Construtora RC e Paulo Octavio Investimentos. Esta última tem como acionista majoritário o ex-deputado federal Paulo Octávio, acusado de envolvimento no esquema de distribuição de propinas a deputados do Distrito Federal, episódio que ficou conhecido como mensalão do DEM.

Ontem, o consórcio isolou a área do Terminal 1 que passará por reformas elétrica e eletrônica. Estão previstas ainda mudanças na cobertura, que incluem substituição da parte hidráulica - hoje responsável por vazamentos pontuais no aeroporto -, além da implantação de claraboias, para aproveitar a luz solar na iluminação. Escadas rolantes serão trocadas, a praça de alimentação terá o layout repaginado e lounges com acesso à internet serão criados.

A privatização do Galeão foi tratada ontem numa longa reunião entre as autoridades do setor e a presidente Dilma Rousseff. Segundo interlocutores, a modelagem (se concessão tradicional ou parceria entre a Infraero e um operador aeroportuário estrangeiro) ainda não está definida. De acordo com a fonte, isso não impede que a estatal vá tocando as obras no Galeão.

- Quando Guarulhos foi concedido, o aeroporto era um canteiro de obras - disse a fonte.

Durante a reunião, o governo também discutiu o plano de aviação regional, a rede de aeroportos de pequenas cidades que vai receber recursos públicos para melhorar a infraestrutura a fim de receber ou ampliar os voos regionais.

O superintendente regional da Infraero responsável pelos aeroportos do Rio, Abibe Ferreira Júnior, desconversa quando perguntado sobre a privatização do aeroporto:

- As obras já estavam previstas (antes da decisão de conceder os terminais à iniciativa privada). A Infraero não para. É nossa obrigação prover melhorias no aeroporto.

Além das obras no Terminal 1, o Terminal 2 e a pista também estão passando por reformas. No Terminal 2, está sendo ampliado o número de balcões de check-in. Hoje, há três ilhas de balcões. Duas mais já estão sendo montadas e outras quatro estão a caminho. Ainda não está definido quais serão as companhias aéreas que ocuparão as novas posições.

A pista de pouso e decolagem está sendo alargada de 45 metros para 60 metros. Assim, o Galeão poderá receber aviões do modelo A380, a maior aeronave de passageiros hoje no mundo, com capacidade para mais de 800 pessoas. A obra está orçada em R$ 64,5 milhões.

Apesar das melhorias, o Galeão convive com antigos problemas. Ontem o GLOBO esteve no aeroporto e constatou que seis dos 32 elevadores do Terminal 1 estão parados e que dois dos quatro conjuntos de escadas rolantes na área pública do mesmo terminal estão quebrados há pelo menos sete meses, segundo funcionários. No Terminal 2, dois dos quatro elevadores também estão quebrados. E as esteiras que conectam os dois terminais estão paradas.

- As esteiras tinham de estar funcionando - queixou-se o mexicano Isaac Montes, que empurrava um carrinho com quatro malas ontem no Galeão, antes de voar para o México.

De acordo com a Infraero, a alemã ThyssenKrupp, que ganhou a licitação de R$ 12,47 milhões para a troca de elevadores em ambos os terminais, já finalizou a troca no Terminal 1, mas está fazendo ajustes em alguns equipamentos. No Terminal 2, a troca deverá ser concluída ainda este ano.

No caso das escadas rolantes, serviço orçado em R$ 13,43 milhões e de responsabilidade da empresa Villarta, a previsão é que os novos equipamentos cheguem mês que vem.