Título: Em vídeo, ministra pede voto para eleger réu do mensalão
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 21/08/2012, O País, p. 7

Gravação feita por Miriam Belchior está no site de João Paulo Cunha

SÃO PAULO Único candidato nas eleições deste ano que é réu no julgamento do mensalão, o deputado federal João Paulo Cunha (PT) recebeu apoio da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para a sua tentativa de se eleger prefeito de Osasco. Semana passada, o relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, votou pela condenação de João Paulo por peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Em vídeo de pouco mais de um minuto, postado no site do candidato na última sexta-feira, Miriam cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff e diz que "é muito importante eleger João Paulo". Há três semanas, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, referindo-se ao mensalão, dissera que o julgamento em curso no STF não vai interferir no projeto político do governo e que "se decepcionarão" os que acharem que isso vai ocorrer.

petistas querem que lula grave vídeo

No vídeo da campanha de João Paulo, Miriam diz que é preciso continuar com o "modo petista de governar":

- O país melhorou a economia, gerou mais empregos, criou estratégias para aumentar o salário mínimo todos os anos.

E afirma que é importante para Osasco dar continuidade à administração do petista Emídio de Souza:

- Osasco também sabe o que é ser governada pelo PT. Por isso, é muito importante eleger o João Paulo Cunha prefeito da cidade.

Em Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo, não há horário eleitoral gratuito. Os aliados de João Paulo querem que Lula faça um vídeo para ser exibido no site do candidato, mas isso só deve acontecer se ele for absolvido.

O deputado é acusado pela Procuradoria Geral da República de ter recebido R$ 50 mil para favorecer a agência do lobista Marcos Valério em uma licitação, quando ele presidia a Câmara. Joaquim Barbosa referendou as acusações. João Paulo nega ter praticado os crimes.

Caso a maioria dos outros dez ministros do STF siga o voto do relator, João Paulo deve ser substituído na cabeça da chapa pelo seu candidato a vice, o também petista Jorge Lapas. Como já teve o registro da candidatura aceito, João Paulo poderia continuar na disputa, mas seria impedido de tomar posse se fosse eleito, com base na Lei da Ficha Limpa.

Oficialmente, porém, líderes do PT negam tal estratégia. Ontem, o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, disse que o PT não tem um "plano B" para Osasco:

- Fazer análise política de algo que ainda está sub judice é ruim. Não temos (um plano B). Temos um plano A, que é o João Paulo - afirmou Edinho.