Título: Projeto sobre Constituinte é acadêmico, diz Gilmar
Autor:
Fonte: O Globo, 21/08/2012, O País, p. 6

Ministro afirma que não será apresentador de programa na TV Senado

BRASÍLIA O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou ontem que o programa proposto à TV Senado, sobre a Constituinte de 1988, integra projeto acadêmico maior, desenvolvido pelo Instituto Brasiliense de Direito, faculdade da qual é sócio.

- O processo constituinte foi muito importante, tanto que temos o mais longo período de democracia sem interrupções na História recente do país - afirmou ele.

O Senado está estudando a proposta e não foi firmado ainda nenhum convênio. A motivação do projeto são os 25 anos da Constituinte, que serão comemorados no ano que vem. A ideia é reunir os documentos sobre o assunto e fazer entrevistas com personalidades como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o tributarista Everardo Maciel. Gilmar disse que aparecerá no programa, mas não será o apresentador.

A Constituição de 1988 marcou a volta do país à democracia após 21 anos de ditadura, ampliando os direitos do cidadão e introduzindo uma série de garantias que passaram a caracterizar a nova ordem política do país. A Assembleia Nacional Constituinte que a elaborou foi presidida pelo então deputado Ulysses Guimarães, do PMDB.

Polêmica envolvendo Lula

Enquanto esse projeto não decola, Gilmar é um dos protagonistas da TV Justiça, que está transmitindo o julgamento do mensalão. Nesse roteiro, no entanto, os desentendimentos entre o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, e o revisor, ministro Ricardo Lewandowski, têm roubado a cena.

Volta e meia, porém, Gilmar está nos holofotes. Em maio ele causou polêmica ao acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar sua influência para tentar adiar o julgamento do mensalão. O objetivo seria evitar o desgaste dos candidatos petistas nas eleições municipais de outubro.

E quando Mendes era presidente do Supremo, em 2008, ele denunciou um suposto grampo ilegal em seu telefone, após a divulgação de uma conversa sua com o então senador Demóstenes Torres (DEM-GO). O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República concluiu que não havia indícios de envolvimento de agentes de Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e arquivou a investigação.