Título: Governo quer jatinhos em aeroportos privados
Autor: Gama, Júnia; Iglesias, Simone
Fonte: O Globo, 22/08/2012, Economia, p. 27

Plano de concessões vai prever uso comercial de aeródromos particulares para desafogar os grandes terminais

BRASÍLIA O governo vai incluir no plano de concessões de portos e aeroportos - que deve ser lançado na primeira semana de setembro - a possibilidade de uso comercial de aeroportos privados para aliviar o intenso tráfego de jatinhos nos principais aeroportos do país. A ideia é que os aeródromos particulares, onde é proibida a exploração comercial e a cobrança de tarifas, sejam "doados" à Infraero, que concederá uma outorga de operação para os proprietários.

Interlocutores do governo acreditam que essa seria uma solução mais rápida e barata para desafogar as pistas de pouso dos grandes terminais do que a construção de novas unidades, que enfrentam alto custo e entraves burocráticos.

cresce aviação executiva

Atualmente, esses aeroportos particulares recebem um certificado de funcionamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e são operados pelos proprietários. Eles contam com uma pequena escala de voos, já que servem apenas ao dono do local ou a pessoas autorizadas a pousar, sem cobrança de tarifa.

Com a mudança, os proprietários poderão cobrar pelo serviço, o que deve resultar em aumento do fluxo de aeronaves executivas para os pequenos aeroportos e desafogamento dos grandes. Um exemplo de aeroporto que poderia servir para o propósito é o de Comandatuba, no município de Una (BA). Ele foi construído pelo Hotel Transamérica para levar turistas ao resort, que fica na Ilha de Comandatuba.

As queixas quanto ao intenso tráfego de jatinhos em aeroportos crescem junto com o poder aquisitivo dos empresários no Brasil. No lançamento do pacote de concessões para rodovias e ferrovias, na semana passada, reclamou-se do congestionamento no aeroporto, já que a solenidade reuniu em Brasília os principais investidores do país, cada um com sua própria aeronave.

Até setembro, o governo faz uma força-tarefa para conseguir reunir num único evento o anúncio de medidas para três setores - portos, aeroportos e setor elétrico - e, assim, causar mais impacto.

COMPANHIAS AÉREAS CRIAM ASSOCIAÇÃO

-BRASÍLIA- As companhias aéreas criaram a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a fim de ter maior poder de pressão junto ao governo, a exemplo de entidades como Anfavea (veículos) e Abimaq (máquinas e equipamentos). Com isso, o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) ficou enfraquecido, restrito a negociações salariais e questões de ordem jurídica. No lançamento da Abear, ontem em Brasília, o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, defendeu a concessão do Galeão para melhorar o atendimento aos usuários. O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, lembrou que o Galeão já enfrenta saturação em alguns horários. E o da Gol, Paulo Kakinoff, disse que as empresas terão de reajustar as passagens se os custos continuarem no atual patamar. (Geralda Doca).