Título: Relator cita Delúbio e dá indícios de que deverá votar pela condenação do ex-tesoureiro do PT
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 22/08/2012, O País, p. 6

Petista é acusado de movimentar dinheiro de origem não declarada, assim como Pizzolato, ex-diretor do BB

BRASÍLIA Ao votar pela condenação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, indicou que deverá sugerir a punição do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, um dos principais acusados de movimentar dinheiro de origem não declarada para a suposta compra de votos de parlamentares, entre 2003 e 2004. Num dos trechos em que cita o suposto envolvimento de Pizzolato em lavagem de dinheiro, Barbosa chegou a mencionar Delúbio.

Barbosa deixou escapar as primeiras pistas sobre o ex-tesoureiro depois de descrever as relações entre Pizzolato e a DNA Propaganda, de Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. Segundo Barbosa, Pizzolato favoreceu os negócios de Valério no período em que esteve à frente de uma das diretorias mais importantes do Banco do Brasil e, em contrapartida, recebeu vantagens indevidas. Uma delas seria um suborno de R$ 326 mil. Ao esmiuçar o caso, Barbosa abordou os próximos capítulos que apresentará sobre o mensalão ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF):

- Além de não terem demonstrado a prestação de serviços, ficou evidenciado que os recursos foram utilizados, mediante lavagem de dinheiro, para distribuir recursos entre os sócios (Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz) e parlamentares indicados por Delúbio Soares - disse o ministro.

Em outro momento do voto, ainda na sessão de segunda-feira, o relator voltou a mencionar os supostos vínculos do ex-tesoureiro do PT com Valério e a movimentação de recursos de origem não declarada. Antes de citar o nome do petista, Barbosa disse que parte do dinheiro do chamado caixa dois saiu dos cofres públicos, mais especificamente do Banco do Brasil - mesmo entendimento do procurador-geral da República Roberto Gurgel.

- Está assim corroborada a relação criminosa entre Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, os quais desviaram recursos públicos dos contratos da agência com o Banco do Brasil, e mediante mecanismos de lavagem de dinheiro distribuíram recursos a parlamentares indicados por Delúbio Soares - afirmou o ministro Barbosa.

Advogados ouvidos pelo GLOBO, após a apresentação da primeira parte do voto do relator, disseram que não têm mais expectativas sobre Barbosa. Eles entendem que o relator deverá propor a condenação de todos os réus listados na denúncia do Ministério Público Federal.