Título: Cresce o custo da dívida pública federal
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 23/08/2012, Economia, p. 26

Juro pago sobe para 12,88% anuais. Cai estoque de títulos

BRASÍLIA Apesar da queda da taxa de juros básica da economia, o custo médio da Dívida Pública Federal (DPF) se manteve em alta em julho. Enquanto a Selic passou de 11% ao ano para 8% de dezembro do ano passado até o último mês, os juros médios pagos pelo governo para rolar sua dívida em títulos aumentaram no mesmo período, passando de 12,83% ao ano para 12,88%. Em julho, o estoque da dívida pública federal registrou a primeira queda do ano, de R$ 1,97 trilhão para R$ 1,87 trilhão.

Isso porque o governo resgatou parcela importante dessa dívida, que compensou o pagamento de juros no período. Se a queda dos juros básicos ainda não teve reflexo importante sobre a dívida pública, já há sinais de que os investidores estão começando a deixar de lado os papéis corrigidos pela Selic para buscar outros com maior rentabilidade.

título longo com juro baixo

Pela primeira vez na História, o volume de títulos atrelados à inflação superou o dos corrigidos pela Selic no mercado secundário. Isso confirma, segundo o coordenador de Operações da Dívida do Tesouro Nacional, Fernando Garrido, as expectativas dos investidores de que os juros devem continuar a cair.

Dados do Tesouro mostram que, enquanto a rentabilidade dos papéis atrelados à Selic estava em 10,5% ao ano até julho, para os títulos atrelados aos índices de inflação, esse percentual já estava em 27,2% ( IPCA) e 30,3% ( IGP-M).

- Apesar da redução dos juros, como a parcela da dívida atrelada à Selic já não é tão grande, o efeito no custo médio é mais lento - disse integrante da equipe econômica.

Em julho, o Tesouro conseguiu emitir seus papéis de prazo mais longo, as NTN-F (títulos prefixados com vencimento em 10 anos) a uma taxa de 9,7% ao ano. É a primeira vez que consegue taxa tão baixa.