Título: Empresas privadas pressionam Cabral por privatização do Galeão
Autor: Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 23/08/2012, Economia, p. 26

Rentável e ocioso, aeroporto carioca é visto como bom investimento

Empresas privadas vinham pressionando o governo federal e o governo do Estado do Rio pela privatização do Galeão, levando o governador Sérgio Cabral a se tornar um dos mais incisivos defensores do modelo de concessão. Segundo fontes, o aeroporto é visto como bom investimento, pois é rentável e ocioso, o que garantiria o retorno financeiro futuro sem grande esforço. Hoje, a capacidade para transporte de passageiros no Galeão é de 17,4 milhões por ano, mas o fluxo de embarques e desembarques, no ano passado, foi de apenas 15 milhões.

Além disso, a própria Infraero, estatal que administra o Galeão, vem investindo recursos públicos no terminal. Os novos administradores privados assumiriam um aeroporto com boa parte das obras previstas para a Copa de 2014 já em execução. Naquele ano, a capacidade do aeroporto será de 44 milhões de passageiros para uma demanda prevista de 18,7 milhões por ano. Esta semana foi iniciada mais uma etapa das obras no aeroporto, orçada em R$ 153 milhões.

Funcionários da Infraero fazem lobby contra

Na outra ponta da queda de braço em torno da privatização do Galeão estão funcionários da Infraero. Representados pelo Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), eles têm se posicionado contra sua concessão em reuniões com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Nas conversas, têm repetido o mantra de que 85% dos aeroportos do mundo são públicos e que no Brasil apenas a estatal tem expertise em administração aeroportuária, com capacidade de garantir a segurança dos voos. Temem a perda de seus empregos e a deterioração das condições de trabalho.

Derrotados no embate em torno da privatização de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas) e Brasília, eles conseguiram assegurar um mercado cativo para a categoria até 2018 no contrato assinado pelas novas concessionárias com o governo. Até esse ano todos os funcionários da Infraero terão estabilidade. A ideia, segundo o presidente do Sina, Francisco Lemos, é evitar demissões de trabalhadores em aeroportos não concedidos que poderiam ser admitidos nos terminais já privatizados.