Título: Serra e as inaugurações
Autor: Foreque, Flávia
Fonte: Correio Braziliense, 01/10/2009, Política, p. 2

São Paulo ¿ Desde que se tornou um dos principais nomes na corrida presidencial de 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), vem caprichando nas inaugurações de obras e publicidade institucional. Só no mês passado, foram 15 cerimônias incluindo aí inaugurações, asfaltamento de estradas, entregas de postos de saúde, lançamentos de pedras fundamentais e assinaturas de convênios com prefeituras para infraestrutura. Ontem, o tucano entregou um dos mais modernos centros de hemodiálise infantil de São Paulo no Hospital Darcy Vargas. O investimento foi de R$ 1,1 milhão e a inauguração foi cercada de discursos.

Na terça-feira, Serra assinou em meio a muita pompa um convênio que prevê investimentos na ordem de R$ 94 milhões para aquisição de 645 ônibus escolares para auxiliar o transporte de alunos da rede estadual e municipal de ensino. Na assinatura desses convênios, Serra também discursou. ¿Essa é mais uma cerimônia de parceria. A Secretaria da Educação estadual investe cerca de R$ 235 milhões no transporte escolar em todo o estado. Nós vamos inclusive fazer mudanças no sentido de tornar a transferência de recursos proporcional ao número de alunos efetivamente e à quilometragem percorrida¿, disse Serra durante a cerimônia.

Representações Tanta inauguração chamou a atenção da oposição, que já entrou com mais de 10 representações no Ministério Público questionando a publicidade que Serra faz em torno das cerimônias públicas que envolvem comício e obra pública. ¿O Serra é descarado. Ele faz campanha desde que acorda até a hora que vai dormir. Ele já gastou mais com publicidade do que com habitação¿, critica o deputado estadual Adriano Diogo (PT).

Quando questionado se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também não estaria discursando feito político em cerimônias públicas em que ele participa como chefe do Executivo na intenção de beneficiar a pré-candidata Dilma Rousseff, o deputado petista Adriano Diogo dá a seguinte explicação: ¿É diferente, pois o Lula não é candidato à reeleição. A candidata é a ministra Dilma, que precisa de visibilidade porque ninguém a conhece¿. Depois, Adriano Diogo acrescenta: ¿Mas o Lula tá errado, também¿.