Título: Meirelles evita prévia e aceita o Senado
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 01/10/2009, Política, p. 4

Para não disputar indicação ao governo de Goiás com Iris, presidente do Banco Central se candidatará ao Congresso

Henrique Meirelles: ¿Estou focado no trabalho do Banco Central¿

Goiânia ¿ Filiado ao PMDB, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, começa a alimentar o sonho de disputar uma vaga ao Senado em 2010. Mas não porque seja esse o seu desejo, mas por ser o cargo que foi ¿gentilmente¿ oferecido. No processo de negociação, os peemedebistas disseram que caso ele optasse por concorrer ao governo de Goiás teria de passar por uma prévia com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB).

Meirelles vendeu a ideia que foi ele quem descartou o governo de Goiás para atender a um pedido do próprio presidente Luiz Inácio Lula Silva por entender que seria incompatível com seu trabalho à frente da autoridade monetária. Durante o evento em Goiânia para comemorar sua filiação, Meirelles foi taxativo. ¿Essa hipótese de me candidatar a governador está descartada¿, sustentou pouco antes de assinar sua ficha de filiação. ¿Estou focado no trabalho no Banco Central e só vou tomar qualquer decisão a partir de março de 2010¿, acrescentou.

O prefeito de Goiânia deu declarações mais entusiasmadas quanto ao futuro político de seu novo correligionário. Disse que ele teria, sim, qualquer cargo à sua disposição. ¿Ele entra no partido e pode disputar o que quiser¿, afirmou Iris Rezende, que chegou a vender a tese que até abdicaria de sua pré-candidatura em prol de Meirelles.

Mas a história é mais complexa. O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), explicou que não há nenhum obstáculo à candidatura ao Senado. Ao governo, no entanto, teria que passar por uma disputa interna com Iris Rezende. ¿Ele tem condições de ser senador e presidente, mas a governador ele teria que disputar a convenção e brigar nos votos com o Iris e com outros pré-candidatos que surgirem¿, sustentou Vilela.

Peemedebistas explicaram que não passou de gentileza de Iris Rezende o comentário de que abriria mão da disputa estadual para agradar o presidente do Banco Central. Um dos argumentos que convenceram Meirelles é que ele deveria disputar com a certeza de ganhar. Ele não poderia entrar em bola dividida e inviabilizar seu projeto político em 2010, argumentaram.

O evento de filiação de Meirelles, em Goiânia, passou longe de ser glamoroso. Foi marcado por uma comemoração regional, com discursos de vereadores, deputados estaduais, do presidente regional e de prefeitos. Não teve a presença de figuras nacionais do PMDB. O presidente do BC chegou pontualmente às 11h em um ônibus que o trouxe direto do aeroporto com uma trupe de jornalistas. Foi recebido com foguetório na sede estadual do partido, que improvisou um palco em sua garagem. Fez e ouviu discursos, distribuiu beijos e abraços, e, menos de uma hora depois, estava de volta ao ônibus para pegar o avião que o levaria de volta a Brasília.

Em seu discurso, enfatizou que quer pensar em política partidária só no ano que vem. ¿Vou continuar 100% focado no Banco Central (1)até pelo menos março de 2010. Não vou participar da política partidária, isso está descartado¿, disse. E fez questão de frisar que seu trabalho como guardião da política monetária tem como meta ajudar o Brasil e Goiás. ¿Vamos ajudar Goiás também porque fazer política para o Brasil gera emprego em Goiás, faz os negócios crescerem aqui também¿, disse, ensaiando o discurso.

1 - Política monetária O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fez questão de frisar que sua filiação no PMDB não vai alterar em nada a política monetária, nem colocará em risco às metas de inflação e a estabilidade econômica. ¿O Banco Central tem um compromisso realmente inequívoco com as metas de inflação, e o meu compromisso com as metas de inflação e com a estabilidade econômica e o sistema de câmbio flutuante continuará absolutamente inabalável¿, afirmou.