Título: Esse voto lava a alma de João Paulo, comemora advogado
Autor: Éboli, Evandro; Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 24/08/2012, O País, p. 4

Defensor do candidato a prefeito de Osasco diz acreditar na absolvição dele

Evandro Éboli, Sérgio Roxo, Thiago Herdy e Flávio Tabak

BRASÍLIA e Osasco (SP) Radiante com o voto de Ricardo Lewandowski, o advogado Alberto Toron, defensor de João Paulo Cunha (PT-SP), comemorou a absolvição de seu cliente nos quatro crimes imputados pelo Ministério Público e pelo relator, Joaquim Barbosa. Toron está otimista e diz acreditar na completa absolvição do deputado e candidato a prefeito de Osasco (SP). O voto de Lewandowski, para Toron, lavou a alma do petista.

- Ficou comprovado que a SMP&B prestou todos os serviços. Com base no TCU e em laudos da Polícia Federal, ficou provado execução do serviço. Não houve corrupção. Ficou provado também que João Paulo pediu dinheiro para pesquisas. Esse voto lava a alma de João Paulo. Coloca as coisas nos seus devidos lugares. Mas não vamos comemorar nada por enquanto - disse Toron, que criticou o voto do relator.

No caminho até o local de entrevistas, Toron comentou que rezou muito por esse veredicto de Lewandowski.

- Mas sou judeu, não acendo vela - disse o advogado.

Toron criticou o voto de Barbosa:

- Joaquim Barbosa ignorou as provas e o que apresentei foi distorcido por ele.

Para ele, os argumentos do revisor a favor petista podem se estender a outros acusados.

- Abre uma perspectiva para os que mantiveram relações com a SMP&B. E para os diretores da agência.

Em Osasco, o voto de Lewandowski foi festejado pelos funcionários da campanha de João Paulo à prefeitura. O petista se recolheu para acompanhar a sessão do Supremo e evitou atividades de rua. Também não apareceu no comitê.

Comemoração em Osasco

A cada crime do qual João Paulo era inocentado, os funcionários do comitê gritavam, batiam palmas e botavam o jingle da campanha para tocar em volume alto. O voto serviu para reanimar os militantes, que se sentiam pessimistas com relação ao futuro do candidato.

- Foi muito importante. Estamos satisfeitos - disse o candidato a vice, Jorge Lapas.

Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, João Paulo informou que só dará declarações quando os ministros concluírem a votação.

Em Brasília, advogados dos outros réus no processo do mensalão, em especial daqueles acusados de lavagem de dinheiro, deixaram a sessão do Supremo otimistas. Mas nem todos comemoraram. Marcelo Leonardo e Marthius Lobato, que defendem Marcos Valério e Henrique Pizzolato, respectivamente, classificaram como contraditório o voto de Lewandowski.

Os dois entendem que o pedido de absolvição do revisor para João Paulo pelos crimes de corrupção passiva e peculato, em comparação ao voto dado pelo mesmo ministro no dia anterior, no caso de Henrique Pizzolato, é destoante.

- Algumas coisas que ele disse para poder excluir a responsabilidade do João Paulo são perfeitamente aplicáveis ao Pizzolato - disse Leonardo, referindo-se ao argumento de que João Paulo não seria o gestor direto dos recursos aplicados na publicidade da Câmara.

Pierpaolo Bottini, que defende o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), está confiante:

- Por decorrência lógica, a tendência é o revisor estender esse voto aos outros réus acusados de lavagem.