Título: Equipamentos da Petrobras estão há um ano guardados no Porto
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 29/08/2012, Economia, p. 24

Atraso no Comperj obriga estatal a pagar taxas de armazenamento

As obras atrasadas no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em construção em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio, estão fazendo com que a Petrobras mantenha armazenados há um ano no Porto do Rio 13 equipamentos de grande porte pesando mais de sete mil toneladas. Os equipamentos precisariam ser transportados até o Comperj por via marítima. Mas, para isso, faltam licenças para a construção de um píer e uma rodovia.

O atraso, assim como a demora em outras obras, vem irritando a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, que cobrou resultados na semana passada do diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza. O clima entre os dois é tenso. Consenza, há 37 anos na Petrobras, ocupa o cargo há três meses.

não há previsão para fim de obras

Devido a seu porte, os equipamentos que estão no Porto do Rio (cinco reatores, além de vasos e torres), destinados à unidade de processamento de petróleo da primeira refinaria do Comperj, não podem ser transportados pelas rodovias fluminenses.

Alguns chegam a ter 37 metros de comprimento e 12 metros de diâmetro. No caso dos reatores importados da Itália, o peso é de 1.050 toneladas. Eles estão no terminal da Multiterminais no Porto do Rio, pagando taxas diárias de armazenamento.

A solução encontrada pela Petrobras foi levar os equipamentos por via marítima, tendo que construir um píer na Praia da Beira (Ilha de Itaóca) em São Gonçalo e uma estrada de 18 quilômetros de acesso até o Comperj. Como as obras dependem da liberação de documentos por parte de órgãos estaduais e municipais, a Petrobras não tem previsão para sua conclusão.

empresa já tem contrato para dragagem

Graça, que está exigindo de todos seus executivos redução de custos e prazos, teria reclamado com Cosenza dos atrasos em todas as refinarias em construção, além do Comperj. Segundo fontes próximas à estatal, Cosenza teria lembrado que foram obras aprovadas por Graça quando ela era diretora.

- Ela (Graça) está querendo consertar o avião em pleno voo, desligando uma turbina. Ela está pressionando muito sua equipe, liga para os seus executivos às três horas da madrugada cobrando resultados. Isso atrapalha operacionalmente a companhia - comentou um executivo do setor.

A Petrobras informou que recentemente recebeu a licença de instalação para a construção do píer. Agora, segundo a empresa, o próximo passo é a liberação da faixa de construção da rodovia , cuja efetivação dos pagamentos e regularização dos processos escriturários está a cargo do município de São Gonçalo, segundo explicou a companhia.

Para tentar agilizar o projeto, enquanto aguarda essas liberações da prefeitura, a Petrobras informou que já assinou contrato para execução dos serviços de dragagem, construção do píer e área para desembarque dos equipamentos e o contrato da construção da via terrestre.