Título: Pagot diz à CPI que Demóstenes operou em nome da Delta no Dnit
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Fonte: O Globo, 29/08/2012, O País, p. 6

Ex-diretor fala em corrida de políticos por financiadores

BRASÍLIA O dono da Delta, Fernando Cavendish, e mais três diretores da empreiteira participaram de um jantar na casa do então senador Demóstenes Torres para defender contratos da empresa com a União, segundo relato à CPI do Cachoeira, ontem, do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. Afastado do cargo no ano passado, Pagot contou detalhes da pressão de interlocutores da Delta. E revelou uma corrida de políticos em busca de financiadores para a campanha eleitoral de 2010.

Pagot afirmou que foi procurado pelo tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, José de Filippi Junior. Os encontros teriam ocorrido sempre em seu gabinete. Segundo Pagot, o único político que recebeu sua ajuda foi o tesoureiro de Dilma.

- Fui procurado pelo tesoureiro da campanha da presidente e ele me pediu ajuda. Ele esteve comigo no Dnit. Ele disse: "As dez maiores você não precisa se preocupar, que isso é assunto da campanha, mas, se puder, pegue umas 30 ou 40 (empresas) que possam fazer doações" - relatou Pagot.

O ex-diretor citou ainda acusações contra o ex-diretor da Dersa (empresa paulista de estradas) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. Disse ter ouvido de um amigo que um aditivo contratual do Rodoanel teria como destino o caixa da campanha tucana, mas que se tratava de "conversa de bêbado".

O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, disse que as afirmações de Pagot "não são dignas de crédito". José Filippi Junior, tesoureiro da campanha de Dilma, informou que Pagot se apresentou ao comitê, se dispôs a ajudar na arrecadação e que os "assuntos relativos à campanha sempre foram tratados no local adequado, ou seja, no citado comitê". Ressaltou que as contas da campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O STF decidiu ontem que Cavendish terá de comparecer hoje à CPI, como está previsto. Mas ele poderá ficar calado, conforme habeas corpus do ministro Cezar Peluso.