Título: Datafolha: cai distância entre Serra e Haddad
Autor: Guandeline, Leonardo;
Fonte: O Globo, 30/08/2012, O País, p. 12

Russomanno mantém liderança na corrida à prefeitura de SP, com 31%; tucano tem 22%, e petista, 14%

Leonardo Guandeline, Marcelle Ribeiro e Guilherme Voitch

SÃO PAULO Após uma semana de horário eleitoral na TV, pesquisa Datafolha divulgada ontem mostrou que caiu a distância que separava José Serra, do PSDB, de Fernando Haddad, do PT, na disputa pela prefeitura de São Paulo. Encomendada pela TV Globo e pelo jornal "Folha de S.Paulo", a pesquisa mostrou que Celso Russomanno (PRB) se manteve na liderança, com 31% das intenções de voto em relação à pesquisa do dia 20 de agosto.

Serra caiu de 27% para 22%, mas permanece em segundo. Haddad subiu de 8% para 14% das intenções de voto. Com isso, Serra saiu da situação de empate técnico com Russomanno; a distância entre ele e Haddad caiu de 19 pontos percentuais para 8 entre os dia 20 (véspera do início da propaganda obrigatória) e 29 (quando foi finalizada a nova pesquisa).

Gabriel Chalita, do PMDB, ficou com 7%, seguido por Soninha Francine (PPS), com 4%, e Paulinho da Força (PDT), com 2%. Carlos Giannazi (PSOL) e Ana Luiza (PSTU) tiveram 1% das menções. Os demais candidatos (Levy Fidelix, José Maria Eymael, Anaí Caproni e Miguel Manso) não pontuaram. Os votos em branco e nulos totalizaram 10%. Não souberam ou não quiseram opinar 7% dos entrevistados. A pesquisa ouviu 1.069 eleitores nos dias 28 e 29 deste mês, foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo sob o número 00582/2012 e tem margem de erro de três pontos percentuais.

Russomano pede cautela à equipe

No mesmo levantamento, Serra apareceu como o candidato de maior rejeição: 43%. Em seguida, surgiram Paulinho da Força (25%) e Soninha (24%). Haddad, Levy Fidelix (PRTB) e José Maria Eymael (PSDC) tiveram 21%. Russomanno obteve 15% de rejeição, o mesmo percentual de Chalita.

Ontem, o Instituto Vox Populi também divulgou pesquisa, encomendada pela TV Bandeirantes. São os mesmos números do Datafolha: Russomanno com 31%, Serra, com 22%, e Haddad, com 14%. A margem de erro do Vox Populi, que ouviu 1.200 pessoas entre os dias 25 e 27, é de 2,8 pontos percentuais. A pesquisa foi registrada no TRE-SP sob o número 000589/2012.

Russomanno comemorou com cautela:

- Estou muito feliz, mas estou dizendo à equipe que vamos fazer de conta que estamos em último lugar e trabalhar muito.

Haddad disse que já esperava crescer após o início do horário eleitoral:

- Temos convicção de que nosso programa de governo é o melhor para a cidade de São Paulo. O crescimento nas intenções de voto está de acordo com nosso planejamento estratégico de campanha.

O candidato José Serra não quis comentar os resultados das pesquisas.

Antes da divulgação do Datafolha, durante um evento de campanha, Haddad disse que Serra corre o risco de não ir para o segundo turno se continuar defendendo a taxa de inspeção veicular e combatendo a criação de um bilhete único de transporte mensal.

No site da campanha de Serra, um vídeo destaca que uma das principais propostas de Haddad, o Bilhete Único Mensal, será uma nova taxa para os contribuintes , assim como a taxa do lixo, criada na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP). Segundo Haddad, a ideia é do Bilhete Único Mensal é fazer com que o cidadão pague um valor fixo por mês e use o transporte público quantas vezes quiser.

Depois de almoçar com empresárias ontem, o petista disse que a campanha de Serra subestima a capacidade do eleitor de compreender uma proposta que já é realidade em vários países.

- Ele (Serra) defender a taxa da Controlar (única empresa de São Paulo que faz vistorias veiculares) e combater o Bilhete Único Mensal, realmente... Está pedindo para não ir para o segundo turno, né? - ironizou Haddad.

A gestão do prefeito Gilberto Kassab foi alvo de polêmica na campanha ontem. Enquanto Haddad voltou a criticar o prefeito (que nos últimos dias lhe fez fortes ataques), Serra defendeu o aliado durante uma visita à Central de Regulação do Programa Mãe Paulistana, programa da prefeitura que dá apoio às mães da região central.

- O Kassab não está batendo boca. Está rebatendo falsidades. Está no direito dele - disse o tucano.

Segundo Haddad, Kassab mudou de postura e começou a atacá-lo porque as pesquisas mostrariam que a maior parte da população não aprova seu governo. Aliado de Serra, Kassab chegou a cogitar dar o apoio de seu partido, o PSD, ao PT no início do ano. Quando Serra confirmou que seria candidato, Kassab anunciou apoio ao padrinho político, e Haddad passou a criticar o prefeito. Só agora Kassab responde as críticas. Na terça-feira, disse que, como ministro da Educação, Haddad foi péssimo para a capital paulista.

- A situação dele (Kassab) é difícil junto ao eleitorado. Chegar ao fim de oito anos de mandato com essa avaliação deve ser muito penoso. Eu deixei um governo com 80% de aprovação. Você imagina o que deve ser sair de um governo com 80% de reprovação? É muito difícil - disse Haddad.