Título: Um voto marcado pelo equilíbrio
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 30/08/2012, O País, p. 6
Se fosse resumido em uma única palavra, o voto do ministro Cezar Peluso no mensalão seria o do equilíbrio. Didaticamente, como bom professor, esclarece alguns pontos do julgamento de forma técnica, seja para absolver ou condenar.
Em um primeiro ponto, absolve quando analisa a prática do crime de lavagem de dinheiro por João Paulo Cunha. Entende que não houve ocultação de dinheiro ilícito para que mais tarde se tornasse lícito. Para o ministro Peluso, a ocultação do dinheiro se deu por outro motivo: o réu o ocultou porque sabia da ilicitude que praticava, fruto do crime de peculato.
Em segundo ponto, condena. Ressalta o poder que João Paulo Cunha tinha em decidir sobre as contratações realizadas pela Câmara dos Deputados quando era seu presidente. Não analisa apenas como se deu a licitação, mas mostra que o primeiro poder do réu era decidir se ela ocorreria ou não. O que, por si só, já deixaria clara a vantagem indevida esperada por Marcos Valério e seus sócios.
Com esses dois exemplos, o ministro Peluso mostra que os mais de 40 anos na magistratura e no magistério trouxeram para este processo tão complexo esclarecimentos que toda a sociedade compreende. Reforça a democracia e cidadania. Não poderia haver coroamento melhor para uma carreira tão brilhante.