Título: Opositor vai pedir a impugnação de votação
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 01/09/2012, O Mundo, p. 34

Candidato afirma que processo está viciado, e ativistas denunciam irregularidades

O líder do principal partido de oposição reiterou ontem, logo após votar, que pedirá impugnação das eleições, chamando-as de "viciadas". Outros opositores e ativistas já vinham há meses denunciando falhas na preparação do pleito e também devem apresentar reclamações à Comissão Nacional Eleitoral. O órgão diz que tudo correu dentro da normalidade. Apesar da situação tensa, não houve notícias de confrontos.

São as terceiras eleições de Angola desde que o país conquistou a independência de Portugal, há 37 anos. Um único partido, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), governa desde então. O presidente José Eduardo dos Santos está no poder desde 1979, e deve conseguir um novo mandato de cinco anos.

- Ninguém me garante que o resultado que saia daí corresponda à vontade dos eleitores - disse Isaías Samakuva, candidato a presidente da União pela Independência Total de Angola (Unita), citado pela agência Lusa. - A impugnação faz-se mas não é efetiva até que o tribunal resolva. Enquanto o tribunal não decidir, vamos seguir o curso normal.

A principal reclamação diz respeito ao não credenciamento de delegados dos oposicionistas para fiscalizarem a votação. Segundo Samakuva, apenas em Luanda, mais de mil mesas eleitorais não contaram com representantes da Unita. Leonel Gomes, secretário-executivo nacional da opositora Convergência Ampla de Salvação de Angola (Casa-ce), disse ao GLOBO que o partido não pôde registrar oito mil delegados.

- Houve eleitores que teriam de votar a mais de 100km de distância. E, neste momento, há caminhões da Guarda Presidencial a transportar urnas - disse Gomes após o fim da votação.

Um dos líderes do Movimento pela Verdade Eleitoral, Dionísio Casimiro afirmou ter havido falta de luz em diversos locais.

O presidente Santos disse após votar que "democracia é o poder do povo hoje o povo tem o poder nas mãos", segundo a Reuters. O resultado deve ser conhecido na segunda-feira.

Unita e MPLA protagonizaram uma guerra civil de 27 anos que causou 1 milhão de mortes. O conflito não deve voltar a ocorrer, mas anteontem, o chefe da Polícia Nacional alertou que "vai defender este governo até às últimas consequências e muito especialmente o seu líder."