Título: Em crise com PT, PSB dá prova de fidelidade
Autor: Almeida, Amanda
Fonte: O Globo, 01/09/2012, O País, p. 7

Partido apresenta números com apoio superior ao que recebe

BRASÍLIA O PSB rebateu ontem as acusações do PT de que estaria provocando um racha na aliança entre os dois partidos. A Executiva Nacional da legenda preparou um estudo com a relação de cidades em que os dois partidos estão coligados, para mostrar que o PSB apoia mais os petistas do que o contrário. Os números foram incluídos em uma carta que o primeiro-secretário do PSB, Carlos Siqueira, enviou ontem para o senador Jorge Viana (PT-AC).

Na véspera, o senador afirmara ao GLOBO que o presidente do PSB, Eduardo Campos, estava deixando um "sentimento da ingratidão" na relação PT-PSB com o rompimento da aliança em Recife, e que o ex-presidente Lula merecia de Campos "um tratamento muito melhor do que esse". O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), foi o primeiro a reagir:

- Causou muita irritação no partido a fala do meu amigo Jorge Viana, principalmente porque temos nele um interlocutor equilibrado. Ele foi extremamente injusto com o PSB. Fomos o primeiro partido a apoiar Fernando Haddad, em São Paulo, abrindo o caminho para os demais. Fizemos isso a pedido de Lula, porque temos a compreensão de que temos compromissos com o projeto nacional.

De acordo com os números do PSB, o partido é o mais fiel aliado do PT nas eleições deste ano: está em 413 coligações encabeçadas por petistas, enquanto o PT apoia 315 com o PSB na cabeça de chapa. O estudo do PSB indica que os petistas teriam demonstrado clara predileção por candidatos do PMDB: o PT apoia 736 candidatos do PMDB a prefeituras - mais que o dobro do número de socialistas apoiados - e tem apoio do PMDB a apenas 387 nomes seus.

Na carta a Jorge Viana, o primeiro secretário do PSB é duro: "Os números (...) falam por si só e mostram que se não há reciprocidade na relação PSB-PT, ela certamente não é dos socialistas. (...) Não vejo razão, nem fundamento para sua infeliz e intrigante declaração".

- Nos lugares em que não estamos com o PT é porque o PT foi incapaz de construir unidade interna, as correntes estavam se agredindo (Recife e Fortaleza). É uma coisa extremamente injusta. O PT pode tudo, o PSB não pode - reiterou Rollemberg.

Nas capitais, a parceria também é favorável ao PT: os petistas apoiam candidatos do PSB em Aracajú e Macapá; e o PSB apoia petistas em São Paulo, Salvador, Goiânia, Vitória e Rio Branco.