Título: Conselho vai avaliar caso da venda de emendas
Autor: Pereira, Paulo Celso
Fonte: O Globo, 04/09/2012, O País, p. 6

Deputados se dividem sobre a abertura ou não de investigações

BRASÍLIA O Conselho de Ética da Câmara decide hoje se abre uma investigação sobre a compra e venda de emendas parlamentares. Enquanto o petista Sibá Machado (AC), responsável por opinar sobre o envolvimento de João Carlos Bacelar (PR-BA) no caso, defenderá que a investigação sequer seja aberta, o mesmo não ocorrerá com o voto de Ricardo Izar Júnior (PSD-SP). Responsável por avaliar a necessidade de apurar o envolvimento de Marcos Medrado (PDT-BA), Izar Júnior pedirá a investigação do balcão de emendas.

Em seu curto voto, de apenas três páginas, Izar afirma que a denúncia contém os elementos necessários para que seja aberta a investigação:

- Em tese, o abuso da prerrogativa de oferecer emendas ao Orçamento, recebendo "vantagens indevidas" por sua cessão, pode constituir ato incompatível com o decoro parlamentar.

Apesar de não considerar digno de repúdio o fato de Medrado ter destinado emendas para Bacelar em troca do apoio político de um prefeito do interior baiano - ato admitido pelo próprio Medrado -, Izar afirma ser necessário abrir a investigação pelas várias denúncias envolvendo Bacelar, para se ter "uma melhor compreensão dos fatos".

- Entendemos ser apta e não carente de justa causa a mencionada representação. Deve, pois, ser dado seguimento ao processo disciplinar -completa Izar.

Em junho, O GLOBO publicou uma série de reportagens sobre a existência de um balcão de emendas na Câmara. Isabella Suarez, ex-mulher de Bacelar, afirmou que ele comprava emendas de colegas, ajudando-os a financiar suas eleições. As emendas acabavam muitas vezes em obras tocadas pela empreiteira da família de Bacelar ou de amigos. Isabella contou ainda que o deputado Geraldo Simões (PT-BA) seria um dos que vendiam emendas. O envolvimento de Simões ainda está em análise na Corregedoria da Câmara, mas seu colega de partido, Sibá Machado, tentará sepultar qualquer investigação.