Título: Indústria descarta recuo na economia
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Fonte: Correio Braziliense, 01/10/2009, Economia, p. 20

Alta do consumo faz industriais estimarem estabilidade no PIB em 2009. O desempenho setorial, contudo, deverá ficar negativo

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) descartou a previsão de recuo da economia brasileira neste ano e passou a estimar estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB). Por meio de nota, a instituição atribuiu a melhora na avaliação da economia ¿ que em junho era de queda de 0,4% ¿ ao consumo das famílias, que aumentou 2,1% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Mas a indústria, um dos setores mais afetados pela turbulência econômica, alerta que os bons resultados não significam que a crise tenha sido superada. ¿Mesmo com o crescimento da demanda, os investimentos ainda não se recuperaram¿, avaliou a CNI.

Segundo a associação, a fraqueza nos investimentos é o principal motivo pelo qual ainda não se prevê expansão da economia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a formação bruta de capital fixo (indicador que afere o nível de investimento no país) apenas se estabilizou no segundo trimestre após ter despencado nos dois trimestres anteriores.

Além disso, a CNI revisou para baixo a previsão do PIB industrial para 2009. Agora, a estimativa é de declínio de 4%, ante projeção anterior de 3,5% de recuo. A instituição afirmou ainda que ¿o Banco Central não tinha motivos para interromper a queda da taxa básica dos juros¿, atualmente a 8,75%, já que a inflação ¿está contida¿.

A previsão da CNI para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no fim do ano permaneceu em 4,2%. Sobre o mercado de trabalho, a CNI avalia que as vagas começaram a ser reabertas, e passou a prever desemprego de 8,1%, ante estimativa anterior de 9%.

Capacidade

A confiança da indústria brasileira aumentou em setembro e atingiu o maior nível em um ano. A Fundação Getulio Vargas (FGV) informou ontem que o Índice de Confiança da Indústria brasileira, indicador que mede o otimismo do empresariado, subiu 3,6% sobre agosto, para 109,5 pontos, com ajuste sazonal. Foi a leitura mais alta desde setembro de 2008.

O índice é composto pelos indicadores situação atual e expectativas. O componente situação atual aumentou 2% em setembro ante agosto, também para 109,5 pontos. Já o componente expectativas teve elevação de 5,2%, para 109,4 pontos. A pontuação do Índice de Confiança da Indústria é feita com base em uma escala de zero a 200.

A pesquisa mostrou também que o nível de utilização da capacidade instalada na indústria avançou para 81,9% em setembro, ante 81,3% em agosto, considerando o ajuste sazonal. Sem ajuste, a utilização aumentou para 82,8%, contra 81,6% no mês anterior. Os industriais mostraram-se mais otimistas sobre os negócios nos próximos seis meses, com 52,1% dos participantes dizendo esperar melhora, ante 46,2% em agosto.

1 - Perspectivas A confiança do consumidor da Grã-Bretanha teve a maior alta em mais de 14 anos em setembro, devido à melhora mais forte da última década nas perspectivas econômicas. O índice, divulgado ontem, mostrou leitura de -16 neste mês, ante -25 em agosto. O dado ficou acima da previsão do mercado de -24. A alta de nove pontos foi a maior desde janeiro de 1995.

Recorde de desembolso

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no acumulado do ano até agosto atingiram o recorde de R$ 84,2 bilhões. O volume, conforme o BNDES, representa alta de 59% em relação ao verificado nos oito primeiros meses do ano passado e está próximo do total liberado em todo o exercício de 2008, quando ficou em R$ 92,2 bilhões. ¿Indústria e infraestrutura foram responsáveis por 84% das liberações entre janeiro e agosto deste ano, somando desembolsos de R$ 70 bilhões¿, diz o BNDES em comunicado.

As aprovações de financiamento nos oito meses deste ano somaram R$ 98,8 bilhões, com alta de 49% ante a igual período de 2008. As consultas para novos financiamentos alcançaram R$ 161,8 bilhões, com alta de 33% na mesma base de comparação. ¿Os números revelam uma perspectiva firme dos investimentos, tanto na indústria quanto em infraestrutura, sobretudo nos setores de energia elétrica, logística, petróleo e gás, construção habitacional e agronegócios¿, analisa o BNDES.

Consultas

De acordo com o banco de fomento, desembolsos e aprovações no acumulado de 12 meses até agosto também foram recordes, somando, respectivamente, R$ 123,6 bilhões e R$ 153,9 bilhões. Na comparação com igual intervalo do ano passado, os desembolsos subiram 53% e as aprovações, 40%. Os enquadramentos somaram R$ 177,8 bilhões, com expansão de 16%, e as consultas subiram 25%, para R$ 215,9 bilhões.