Título: Rejeição a Marta e Kassab ajuda candidato
Autor: Uribe, Gustavo; Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 06/09/2012, O País, p. 7

Parcela órfã de Maluf é outro fator que favorece Russomanno, avaliam cientistas políticos.

Cientistas políticos analisam o clima refratário do eleitor ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) e à ex-prefeita Marta Suplicy (PT), além da herança do populismo de direita na era Maluf, como alguns dos motivos que explicariam a popularidade de Celso Russomanno, do PRB. Egresso do jornalismo de proteção ao consumidor, desde quando era repórter do finado "Aqui Agora", o discurso transformando o eleitor em possível vítima dos serviços prestados na cidade também ajudaria a explicar sua projeção nas pesquisas.

Russomanno é visto como o único que desponta como peça nova no xadrez eleitoral paulistano. Depois da tentativa fracassada na eleição ao governo estadual, o candidato do PRB entrou na disputa deste ano sem que a expectativa eleitoral se tornasse um peso, segundo as análises. Mas é o personagem "antipetista" e "antitucano" que mais colocaria Russomanno em evidência.

- O governo Marta acabou bastante rejeitado e impopular. Ao mesmo tempo, a administração do Kassab tem 48% de reprovação. Curiosamente, os dois se transformaram em algozes para as campanhas do tucano Serra, que sempre assumiu discurso de continuidade, e do (petista Fernando) Haddad, que sequer conseguiu um apoio irrestrito da ex-prefeita até agora - avalia o professor Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo.

Para o cientista político Claudio Couto, da FGV-SP e da PUC-SP, o eleitor encontrou em Russomanno o representante que mais se aproxima de duas figuras políticas que, por anos, beberam na fonte do conservadorismo paulistano: Paulo Maluf e Jânio Quadros.

- Uma parcela da população ficou órfã com a saída do Maluf do espectro eleitoral. Há um movimento populista de direita que não estava sendo preenchido nas últimas eleições, e o Russomanno apareceu para ocupar esse espaço - diz Couto.

Russomanno é tido como candidato apoiado por igrejas evangélicas, mas os analistas descartam a influência do setor no bom desempenho do candidato nas últimas semanas.

- Se fosse assim, o Serra teria que estar melhor, já que é ele quem está com a Universal e com a Renascer - reforça Couto.