Título: Presidente corteja os ricos com ameaça de guerra civil
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 11/09/2012, Economia, p. 26

Bolivariano se apresenta como única garantia de estabilidade no país.

Aos pobres, a campanha de Hugo Chávez diz recorrentemente que a vitória da oposição representa o risco de fim dos apoios que têm contribuído para reduzir a pobreza no país e garantir a aprovação do chefe de Estado entre os eleitores desse estrato social. Para conquistar os ricos, o presidente venezuelano também usou uma ameaça: a de que pode haver uma guerra civil caso perca o pleito para Henrique Capriles, que vem fazendo desta a eleição mais disputada desde que o bolivariano chegou ao poder, há 13 anos.

- As famílias ricas têm suas casas bonitas, veículos bons, provavelmente um apartamento na praia. Será que uma guerra civil lhes convém? De modo algum. Só convém à direita extrema e fascista encarnada pelo perdedor. - disse o presidente anteontem, durante um comício. - Está nos interesses dos ricos amantes da paz uma vitória de Chávez, e eu os convido a votar em Chávez em 7 de outubro. Chávez garante paz, estabilidade e crescimento econômico.- completou.

O presidente lidera a maioria das pesquisas de intenção de voto, algumas por ampla vantagem. Em julho, a Datanálisis lhe dava 12 pontos de vantagem. Mas enfrenta um opositor que já lhe impôs uma derrota indireta - ao vencer o candidato oficial ao governo de Miranda em 2008 - e em ascensão na preferência do eleitorado para o pleito presidencial. O avanço tem ocorrido nas semanas recentes. Em agosto, a Consultores 21 dava ao opositor 47,7% e 45,9% ao presidente.

Capriles vem tentando neutralizar as acusações da campanha oficial de que sua vitória significaria o fim das populares missões, como são batizados os programas sociais do governo bolivariano. Também anteontem, o opositor reafirmou que manterá as iniciativas criadas por Chávez.

- Meu compromisso é criar novas missões, manter as atuais e melhorar as que não funcionam - disse, lembrando ter implementado no estado de Miranda, o qual governou, o programa de distribuição de alimentos Fome Zero.