Título: Gestão marcada por crises e choque com antecessores no MinC
Autor:
Fonte: O Globo, 12/09/2012, O País, p. 4

Polêmica, Ana de Hollanda foi alvo de abaixo-assinado enviado a Dilma.

A série de problemas que levou ao desgaste e, finalmente, à queda da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, começou pouco dias depois de ser confirmada no cargo. Em sua primeira entrevista coletiva, Ana disse que o projeto da nova Lei do Direito Autoral poderia ser revisto. O projeto de flexibilização dos direitos autorais vinha sendo preparado pelos antecessores de Ana, Gilberto Gil e Juca Ferreira.

Logo depois, em janeiro de 2011, Ana de Hollanda determinou a retirada, do site do Ministério da Cultura (MinC), do selo do Creative Commons, licença para reprodução não comercial do conteúdo, numa ação também contrária a de seus antecessores.

Outra crítica que recebeu foi em relação aos cortes orçamentários nos Pontos de Cultura, principal projeto cultural do governo Lula. Movimentos sociais se queixaram de que o governo cancelou editais lançados pela gestão anterior. As atitudes levaram Juca Ferreira a dizer que achava a gestão de Ana um "desastre", explicando que era "óbvio" que havia um "retrocesso, um desinvestimento, a desestruturação de uma frente de trabalho importante".

Emir Sader foi desconvidado

Outro desgaste aconteceu quando Ana cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa, depois que ele declarou em entrevista que a ministra era "meio autista".

Ana também enfrentou acusações de que o MinC teria relações próximas com o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Durante audiência pública na Câmara dos Deputados, ela rebateu as críticas de que a pasta favoreceria o Ecad e se disse vítima de uma campanha de má-fé.

Ao longo de sua gestão, um manifesto endereçado à presidente Dilma Rousseff e assinado por nomes como Marilena Chauí e Moacir dos Anjos falava que o primeiro ano tinha sido marcado por "hesitações, conflitos e por mudanças de rumo que nos têm parecido infelizes". "É inevitável constatar que houve inúmeras perdas de visibilidade e de nitidez no horizonte da política cultural", dizia um trecho. Um abaixo-assinado - com nomes como Fernanda Montenegro, Fernando Meirelles e Regina Duarte -, por sua vez, sugeria, na hipótese de haver a substituição da titular, o nome de Danilo Miranda para o comando do MinC.

Finalmente, em 15 de agosto, a ministra enviou uma carta à sua colega do Planejamento, Miriam Belchior, que veio a público nove dias depois pelo Globo a Mais. Na carta, Ana reclamava do orçamento de sua pasta e enfatizava problemas com os salários defasados dos funcionários do ministério. O governo não gostou do teor do vazamento. Mesmo assim, o apelo de Ana foi atendido e o orçamento da União para 2013 prevê um crescimento de mais de 30% para a Cultura.