Título: Serra ataca Dilma e liga Haddad a réus do mensalão
Autor: Uribe, Gustavo ; Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 13/09/2012, País, p. 8

Rejeição a tucano atinge recorde; Russomanno lidera com 32%

Em ação. Serra criticou a participação da presidente Dilma na campanha de Haddad: "Ela, que mal conhece São Paulo, vem aqui dar seu palpite"

Após atingir o patamar de 46% de rejeição, seu maior percentual histórico em São Paulo, o candidato do PSDB, José Serra, elevou o tom dos ataques a Fernando Haddad, do PT, que disputa com o tucano uma vaga no segundo turno. Com a entrada da presidente Dilma Rousseff no programa de TV de Haddad, Serra afirmou ontem que a presidente "mal conhece São Paulo" e que, ao entrar na campanha eleitoral, "vem meter o bico" na capital paulista.

A propaganda eleitoral também passou a associar o candidato do PT ao ex-ministro José Dirceu e ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, réus no processo do mensalão.

- Ela (presidente) vem meter o bico em São Paulo, mas faz parte das regras do jogo. Ela vem dizer aos paulistanos como eles devem votar. Ela, que mal conhece São Paulo, vem aqui dar o seu palpite. E nomeou até um ministério. A Marta Suplicy fez três insultos a mim e ganhou um ministério. Isso mostra que me insultar vale bastante - afirmou o tucano.

A pesquisa eleitoral mostra que, em uma semana, a distância entre José Serra (20%) e Fernando Haddad (17%) passou de cinco para três pontos. Russomanno caiu de 35% para 32% na preferência do eleitorado, segundo pesquisa do instituto Datafolha, que ouviu 1.221 pessoas entre os dias 10 e 11 deste mês. A margem de erro é de três pontos. A pesquisa foi registrada no TRE (008002102).

Haddad contra-ataca

Em resposta a Serra, o ex-ministro petista disse que o adversário do PSDB "falta com a verdade" e tem um estilo de campanha eleitoral agressivo, que teria sido rejeitado pela população paulistana.

- Serra tem faltado com a verdade em tantas ocasiões. Os ataques são tão próprios da sua personalidade que eu penso que a população já está acostumada com a maneira de ele fazer política e está repudiando essa maneira. Ele está batendo recordes atrás de recordes de rejeição. Daqui a pouco, não vai poder circular pela cidade - disse o candidato petista ontem, em entrevista coletiva, referindo-se à rejeição ao tucano, de 46%.

O PSDB também decidiu promover, na reta final da campanha, comício com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e aumentará a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no horário eleitoral.

Ontem, a campanha eleitoral do PSDB começou a veicular inserções televisivas, nas quais faz duros ataques ao candidato do PT. Em uma delas, um narrador diz que, ao votar em Haddad, o eleitor trará de volta Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, também réu do mensalão, e o ex-prefeito Paulo Maluf.

A campanha tucana ainda argumenta que o ex-ministro petista "é o velho PT, agora em nova embalagem", uma referência ao slogan do partido, que prega o novo na cidade de São Paulo.

Russomanno oscila 3 pontos

O candidato do PT reagiu com irritação às críticas de Serra e acusou o tucano de agir com "baixeza". Haddad negou ter sido nomeado por Dirceu e afirmou que foi convidado a ser ministro da Educação pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na disputa municipal, o percentual de rejeição de Serra só foi superado, desde 1992, pelo ex-prefeito Paulo Maluf (61%), em 2008, e pelo ex-presidente Fernando Collor (66%), em 2000. A estratégia de reforçar a presença de caciques tucanos na campanha eleitoral tem como objetivo recuperar o chamado voto antipetista, parte dele perdido para o candidato do PRB, Celso Russomanno, que está na liderança da disputa municipal, com 32%.

- A rejeição alta até pode permitir que um candidato vá para o segundo turno, mas ela pesa muito depois na decisão do eleitor no segundo turno - explicou o diretor do Instituto Datafolha, Mauro Paulino.

A pesquisa mostra ainda que, pela primeira vez, desde dezembro, Russomanno apresentou oscilação negativa. O candidato do PRB, que chegou a 35% na semana passada, passou agora para 32%. A alteração deve-se à queda das intenções de voto do candidato do PRB na maioria das faixas de renda.

O candidato do PT disse estar satisfeito com o resultado da pesquisa eleitoral. O candidato do PSDB não quis comentar a pesquisa eleitoral, mas disse estar confiante de que passará para o segundo turno. Ontem, após visita à fundação do ex-jogador de futebol Cafu, Russomanno comemorou o resultado da pesquisa e minimizou a oscilação negativa na pesquisa.

- Estou muito feliz, porque a queda está dentro da margem de erro - disse Celso Russomanno.