Título: Até o fim do ano, proteção para mais 100 produtos
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 07/09/2012, Economia, p. 25

Nova lista ainda não foi decidida, mas alíquotas mais elevadas para importados devem vigorar até 2014

O viés protecionista adotado pelas autoridades brasileiras nos últimos anos em defesa da indústria nacional ganhará força até o fim deste ano, com o lançamento de mais uma lista de cem produtos que terão as tarifas de importação elevadas. A primeira rodada foi na última terça-feira, quando 100 itens tiveram as alíquotas aumentadas para até 25%. As demais alíquotas ficarão maiores até 31 de dezembro de 2014, mas a nova lista ainda não está definida.

GOVERNO ainda Vê margem

Ao fixar esse percentual, o governo mantém uma margem de manobra para novas altas, uma vez que a alíquota máxima consolidada na Organização Mundial do Comércio (OMC) para produtos industrializados é de 35%. Para alimentos, o tributo é ainda maior, de até 55%.

A expectativa criada pelo próprio governo em relação ao lançamento de uma nova lista já provoca uma corrida ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Embora só existam 100 vagas na nova lista de exceção à Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, os técnicos terão de analisar mais de 300 pedidos.

- Tivemos oito itens incluídos na lista lançada esta semana e já estamos pedindo o aumento das alíquotas de 44 produtos - disse ontem o presidente da Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee), Humberto Barbato.

Para justificar a medida protecionista, ele argumentou que as condições do Brasil em termos de custos, tributos e infraestrutura são diferentes das de outros parceiros internacionais.

- É necessário certa proteção, senão a indústria vai desaparecer - disse.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, considera que governo deve ser mais cauteloso em seu relacionamento com a Argentina - país considerado pela OMC como o que mais adota barreiras às importações e que já é alvo de ações movidas pelos parceiros internacionais.

- O Brasil pode se queimar por muito pouco com a mais recente medida - advertiu Castro.

INVESTIMENTO pode encolher

O economista da MCM José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central, disse que medidas protecionistas pode inibir investimentos. Ele lembrou que os recursos investidos no Brasil estão caindo há quatro trimestres.

Carlos Pastoriza, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), disse que o setor conseguiu incluir na primeira lista 14 produtos e agora tenta emplacar na segunda relação mais 40 itens para poder enfrentar a concorrência de importados que chegam ao país.