Título: Site do STF divulga penas sugeridas pelo relator
Autor: Souza, André de ; Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 18/09/2012, País, p. 3

Publicação referente ao crime de lavagem de dinheiro foi feita por engano; Valério levou a pior

Por um descuido do gabinete do ministro Joaquim Barbosa, o site do Supremo divulgou na sexta-feira passada as penas sugeridas pelo relator para parte dos réus condenados pelo crime de lavagem de dinheiro. A pena mais dura foi dada para Marcos Valério: 12 anos e sete meses de reclusão, além de 340 dias/multa, com cada dia/multa igual a dez salários mínimos, o equivalente a mais de R$ 2,1 milhões.

A dosimetria - o cálculo da pena - já foi retirada do ar. No site do STF, está disponível agora apenas o voto dado pelo ministro na semana passada, sem as penas sugeridas para cada réu.

O relator também sugeriu penas de dez anos de reclusão e 250 dias/multa para os sócios de Valério: Ramon Hollerbach e Cristiano Paz. Para Rogério Tolentino, advogado de Valério, a pena sugerida é a mesma. Barbosa estipulou sete anos e sete meses de reclusão, além de 180 dias/multa, para Simone Vasconcelos, ex-diretora financeira da agência SMP&B, de Valério.

Para Kátia Rabello e José Roberto Salgado, dirigentes do Banco Rural, a pena prevista é de 10 anos de reclusão e 250 dias/multa. Barbosa atribuiu a divulgação da dosimetria, antes mesmo de ele se pronunciar, a um erro do seu gabinete. Disse que as penas podem mudar.

Para advogado, fatiamento é cruel

O advogado Hermes Guerrero, que defende Ramon Hollerbach, ex-sócio de Valério, disse ontem que o julgamento do mensalão, de forma fatiada, é cruel e desumano com os réus. Para ele, os acusados sofrem um pouco a cada dia. Guerrero defendeu que cada um deveria ser julgado de uma vez só, incluídas todas imputações apontadas pela ação:

- O julgamento é cruel e desumano. Não deveria ser fatiado e, sim, cada um julgado de uma vez só. Assim, há também um fatiamento da honra de cada réu. Cada dia é condenado um pouquinho. Não se sabe nem a pena de cada um já condenado. É uma situação anormal e que atrapalha não o julgamento, mas a Justiça como um todo - disse.

Advogados de políticos do PP anunciaram que apresentarão últimos memoriais para tentar absolver seus clientes. José Alvares, defensor do deputado Pedro Henry (PP-MT), disse que ele não conhece os dirigentes da Bônus Banval:

- Pedro Henry nunca conheceu Enivaldo Quadrado, Breno Fishberg e quem seja da Bônus Banval. Como também eles nunca conheceram o Henry. E não existiu compra de voto.