Título: Câmara arquiva caso do balcão de emendas
Autor: Pereira, Paulo Celso
Fonte: O Globo, 19/09/2012, País, p. 13

Ataques à imprensa e apelo por apuração no Conselho de Ética

O Conselho de Ética da Câmara arquivou ontem os dois pedidos de investigação do esquema de venda de emendas parlamentares. Os aliados dos deputados João Carlos Bacelar (PR-BA) e Marcos Medrado (PDT-BA), acusados de negociar as emendas parlamentares, passaram boa parte das duas horas de sessão fazendo ataques à imprensa. Do outro lado, os poucos deputados que defendiam a abertura de investigação, destacavam a necessidade de se proteger a imagem da Câmara, abalada por seguidas denúncias nos últimos anos.

Já na abertura da sessão, o presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), distribuiu a reportagem de ontem do GLOBO que antecipava a suspeita de um acordão envolvendo a proteção mútua entre os partidos que têm integrantes em julgamento no mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, e os casos do Conselho de Ética. Araújo apelou:

- Nós estamos julgando o mérito, vamos deliberar tão somente sobre a necessidade de se abrir processos e investigar, para, no final, concluirmos sobre a procedência ou não. Creio que fica muito ruim para o conselho arquivar sumariamente as representações sem proceder as investigações. As suspeitas permanecerão indefinidamente porque não serão objeto de apuração. Se o Conselho não cumprir seu papel, para que ele existir? Seria melhor que todos renunciassem.

"CONGRESSO SE APEQUENA"

Apesar de Marcos Medrado ter admitido ao GLOBO ter negociado com Bacelar uma emenda parlamentar de R$ 2 milhões em troca do apoio de um prefeito do interior baiano, o relatório do deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP) que pedia a abertura da investigação foi arquivado por sete votos a três. Cerca de uma hora depois, por oito votos a dois, o Conselho aprovou o arquivamento das investigações sobre Bacelar, sugerido pelo relator Sibá Machado (PT-AC).

Medrado não compareceu à reunião do conselho. Bacelar foi e fez sua defesa atacando as reportagens e a irmã, Lílian Bacelar, que trava com ele uma disputa judicial pela herança da família.

- Sei que tenho obrigação de vir aqui como homem público explicar acusações que maculem minha imagem, minha honra. Essa matéria jornalística é o resultado da soma de uma familiar, uma delinquente, e de um jornalista irresponsável. Cada vez mais esse Congresso se apequena diante dessas denúncias.