Título: Novo leilão pode render US$ 1 bilhão ao governo
Autor: Rosa, Bruno ; Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 19/09/2012, Economia, p. 26

Empresários comemoram retomada de licitações

O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), João Carlos França de Luca, disse ontem durante o evento Rio Oil & Gas, no Riocentro, que o governo federal poderá arrecadar US$ 1 bilhão somente com o bônus de assinatura (valor pago pelas empresas para obterem o direito à exploração de blocos) na realização da 11ª Rodada de Licitação de áreas de petróleo e gás. O número havia sido antecipado pelo colunista do GLOBO George Vidor na última segunda-feira.

Para De Luca, essa rodada deve ser bastante disputada, considerando que oferece áreas atraentes na margem equatorial do país (do Rio Grande do Norte ao Amapá) tanto em terra como no mar.

áreas de grande interesse

De Luca recebeu a notícia na tarde de ontem, após uma ligação do secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins. Segundo De Luca, o secretário deixou claro que a realização tanto do leilão da 11ª Rodada em maio quanto da primeira do pré-sal em novembro dependem de a questão dos royalties ser equacionada no Congresso Nacional:

- Mas é uma excelente notícia. Para nós, no meio da Rio Oil & Gas, receber esse sinal é uma notícia extraordinária.

Na 11ª Rodada, está prevista a oferta de 174 blocos, metade nas bacias terrestres e metade no mar, na chamada margem equatorial. Essa área desperta o interesse das empresas, segundo De Luca, pelas descobertas recentes em bacias semelhantes na Guiana e no Oeste da África.

- Esse é o sinal que a gente queria ter do governo. Um sinal positivo, de previsibilidade do retorno à normalidade das licitações no ambiente das concessões - destacou.

A notícia também foi comemorada pelas empresas que participavam do evento. O presidente da Shell, André Araujo, disse esperar que a nova rodada traga regularidade, que o país volte a realizar leilões. Ele afirmou que a Shell verá com interesse as áreas ofertadas.

- Saúdo a decisão do governo, que é tomada na direção do crescimento do país. O setor de petróleo e gás tem muito a contribuir para a geração de emprego e renda no Brasil, assim como para o desenvolvimento da cadeia de suprimento do setor.

REDUÇÃO DE RISCOS

Renata Pereira, diretora-presidente da Brasco, empresa do grupo Wilson, Sons, acredita que a nova rodada é importante para a continuidade dos investimentos do setor. A executiva frisou que o país ganhará em credibilidade, atraindo ainda mais investimentos:

- Vai ainda reduzir a percepção de risco. As regiões Norte e Nordeste têm menos atividades hoje, já que 90% da exploração se concentra nas bacias de Santos e Campos. A indústria local terá de ser fomentada e será preciso qualificar a mão de obra local. Tudo isso é importante para o setor.

Já Marcelo Bueno, presidente da Schulz, que fabrica tubos e conexões em aço, diz que, mesmo com a nova rodada, a indústria sofrerá pela falta de leilões no país desde 2008:

- Para ter retorno sobre o investimento, a produção tem de ser constante durante dez anos. A demanda de hoje é relativa a poços leiloados há seis anos. Daqui a alguns anos, vamos produzir os poços de 2007. Esse hiato, desde 2008, já existe, pois em alguns anos as petroleiras ainda estarão estudando seus reservatórios e a indústria estará sofrendo com uma demanda baixa.

Para o presidente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Eloi Fernández y Fernández, a volta dos leilões será positiva para a indústria nacional. Só falta estabelecer o cronograma, disse:

- Finalmente o setor foi ouvido - celebrou.