Título: Prefeito é preso sob suspeita de receber propina
Autor: Perboni, Juraci
Fonte: O Globo, 21/09/2012, País, p. 12

José Joaquim Ribeiro, de Londrina, teria ganho R$ 150 mil na compra de uniformes; advogado nega acusação

Acusado de receber propina, o prefeito de Londrina (PR), José Joaquim Ribeiro (sem partido), foi preso na manhã de ontem em um hotel no Balneário de Piçarras, litoral norte de Santa Catarina, por policiais civis do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ribeiro não é candidato à reeleição. Ele foi levado para o Gaeco de Itajaí e, à tarde, transferido para Londrina.

O promotor de Justiça do Gaeco, Jorge Fernando Barreto da Costa, afirmou que o Ministério Público do Paraná pediu a prisão preventiva, decretada pelo Tribunal de Justiça do Paraná na noite de quarta-feira. O MP alegou que Ribeiro poderia atrapalhar as investigações sobre o recebimento de propina na compra de uniforme escolar em Londrina, a segunda maior cidade do Paraná. O ex-prefeito Barbosa Neto (PDT), cassado em agosto passado, e outras 17 pessoas, entre secretários municipais e empresários, também são suspeitos de participar das fraudes.

- Foi solicitada a prisão do prefeito para impedir que essa associação continuasse a assaltar os cofres públicos e dar mais prejuízo à sociedade, e para não atrapalhar na coleta e produção de provas - disse o promotor.

Ainda pela manhã, o advogado do prefeito, Paulo Nolasco, entregou ao presidente da Câmara de Londrina, Gerson Araújo (PSDB), a carta de renúncia de Ribeiro ao cargo de prefeito. Nolasco negou a acusação de que Ribeiro teria confessado o recebimento de R$ 150 mil pela compra dos uniformes, e que seria o responsável por receber o dinheiro dos fornecedores.

- É completamente infundada a acusação. Não participou de nada, não tem nada a ver com isso. E vai ser tudo provado na instrução processual legal. A oitiva que fizeram com ele é completamente nula - disse o advogado.

Nolasco, que encaminhou pedido de relaxamento da prisão, disse que Ribeiro foi chamado ao MP como se fosse um convite para um café.

-Não avisaram que ele poderia se incriminar e nem que ele deveria estar acompanhado de um advogado. Não respeitaram a Constituição Federal e nem o Código Penal.

Nolasco se referiu ao fato de Ribeiro ter confessado que recebera R$ 150 mil de propina na compra dos uniformes. Já o promotor disse que foi o próprio prefeito quem procurou o MP para dizer que recebeu o dinheiro como propina.

- Disse que nos procuraria novamente, mas não apareceu mais. Ele era vice-prefeito de Barbosa Neto, que começou o esquema. Ribeiro fez a ponte com os fornecedores de São Paulo e de Arapongas (PR), e buscava o dinheiro para entregar ao então prefeito.

Posse do novo prefeito acontece hoje

Na tarde de ontem, após decretado vago o cargo de prefeito, o presidente da Câmara, Gerson de Araújo, assinou livro de posse como o novo prefeito. Hoje, às 15h, terá a posse solene.

Ribeiro havia pedido licença médica para se tratar de problemas de depressão. E não passou o cargo ao presidente da Câmara. Deixou o chefe de gabinete como gerente da prefeitura.

O promotor Barreto da Costa disse que o pedido de prisão foi motivado pelo fato de Ribeiro ter dito que iria se licenciar para ficar em repouso numa clínica. Mas estava escondido num hotel para não ser notificado pela Câmara e evitar a abertura de uma comissão para a cassação do seu mandato.

- O fato de estar fora da cidade numa praia em Santa Catarina foi também a razão da decretação da prisão - afirmou Costa.

- Ele está tratando de depressão e decidiu sair da cidade para fugir do burburinho. Ele não fugiu da cidade. Isso é conversa do Gaeco - reclamou o advogado Nolasco.

A investigação começou no ano passado. As empresas que venceram a licitação dos uniformes escolares receberam R$ 6 milhões.