Título: Verba do BNDES para setor triplica em dois anos
Autor: Novaes, Fernanda Conde
Fonte: O Globo, 17/09/2012, Especial, p. 6
Financiamento passa de R$ 3,3 bi em 2011 a R$ 10 bi em 2013
Recursos. Rodrigo Bacellar, do BNDES: "Vemos um crescimento incrível"
O setor de petróleo e gás é o segmento industrial que mais recebe recursos do BNDES. Nos últimos anos, a expansão foi vertiginosa: segundo o superintendente da Área de Insumos Básicos do banco, Rodrigo Bacellar, o valor deve saltar de R$ 3,3 bilhões, em 2011, para cerca de R$ 8 bilhões neste ano, e R$ 10 bilhões, em 2013. Até agosto de 2012, já foram liberados R$ 4,5 bilhões.
- Vemos um crescimento incrível e sabemos que ainda há muito potencial - diz ele, sem fazer projeções de prazo mais longo sobre o montante que o banco deve destinar ao setor. - O auge da necessidade de investimentos do setor de petróleo deve ocorrer por volta de 2016/2017.
De acordo com Bacellar, a instituição possui várias linhas para o setor de petróleo e gás, mas a prioridade é a cadeia de fornecedores:
- As grandes operadoras do setor têm mais acesso a linhas de crédito, ao financiamento externo, ao mercado de capitais. O banco está preocupado em criar mecanismo de financiamento que cheguem de fato à cadeia produtiva, o que pode representar um grande impulso no parque industrial.
Uma das iniciativas do BNDES voltadas às médias e pequenas empresas da cadeia produtiva do setor é o programa "empresa-âncora". Bacellar diz que a primeira operação deve sair este ano. A empresa que pleiteia empréstimo por esta via obtém melhores condições de juros e prazos, desde que repasse 30% do valor obtido a fornecedores, estendendo, assim, o crédito à cadeia produtiva do setor.
ONIP: Burocracia afeta crédito
Ricardo Cunha, chefe do Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás do banco, diz que dos R$ 4 bilhões destinados ao programa BNDES Petróleo até 2015, já há R$ 2 bilhões em pedidos e R$ 1,2 bilhão aprovados pelo banco. Além disso, há financiamentos para pesquisa no setor e à industria naval, que tem encomendas de sondas e embarcações para as petroleiras.
Alfredo Renault, superintendete da Organização Nacional da Indústria do petróleo (Onip), afirma que o financiamento é um dos pontos que pode, caso seja negligenciado, afetar negativamente o desenvolvimento da indústria de petróleo e gás no Brasil:
- Estamos falando de US$ 400 bilhões em dez anos, o que dá uma dimensão da necessidade de financiamento.
Para Renault, o governo deve se preocupar mais com as indústrias da cadeia fornecedora. Ele lembra que quanto menor a empresa e mais distante da petroleira, mais difícil é o acesso ao crédito:
- Há casos em que exigência de garantias e burocracia afetam o financiamento da cadeia produtiva.