Título: Oposição cobrará que Zavascki não vote mensalão
Autor: Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 25/09/2012, País, p. 6

Indicado por Dilma será sabatinado hoje na CCJ do Senado

BRASÍLIA Senadores da oposição e independentes da base aliada querem que o ministro do Superior Tribunal de Justiça Teori Zavascki, indicado pela presidente Dilma Rousseff para o Supremo, assuma o compromisso, em sabatina hoje na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, de que não votará no processo do mensalão. O temor é que ele peça vista dos autos e suspenda o julgamento.

Caso Zavascki não assuma o compromisso, esses senadores pretendem obstruir a sabatina, na tentativa de adiar a votação da indicação dele para depois das eleições. Tanto os oposicionistas quanto os independentes ressaltam que não há nada que desabone Zavascki e que pretendem votar a favor de sua indicação. O único problema seria a pressa para a realização da sabatina.

- Se ele se comprometer a não votar no mensalão, suspendemos a obstrução - afirmou o líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR). - Ele tem um currículo que atende os pressupostos básicos para ser indicado para o Supremo. O problema é a pressa, que autoriza a suspeição sobre o objetivo de sua indicação em relação ao julgamento do mensalão.

Depois da sabatina na CCJ, a base governista pretende votar a indicação de Zavascki no plenário do Senado ainda esta semana, concluindo assim o processo. Se sua indicação for aprovada, o STF ainda precisa marcar a data da posse. Zavascki não atendeu o pedido de entrevista do GLOBO.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), garantiu à oposição que não há relação entre a celeridade na indicação de Zavascki e o julgamento do mensalão, o que acalmou um pouco os ânimos.

Diante desse clima, Zavascki desistiu de ir ao Senado ontem para se apresentar aos senadores, em busca de apoio, como costumam fazer os indicados Segundo o líder tucano, ele desmarcou a conversa temendo passar a impressão de que estava pressionando a Casa.

Para rebater a crítica da oposição, o presidente da CCJ, Eunício Oliveira (PMDB-CE), lembrou que o ministro Luiz Fux foi sabatinado oito dias depois de ser indicado pela presidente Dilma. A arguição de Zavascki ocorre num intervalo de 15 dias. Da ala independente do PDT, o senador Cristovam Buarque (DF) também criticou a celeridade:

- Essa rapidez está conspurcando um dos melhores nomes para a Corte Suprema. A presidente indicou um nome que não poderia ser melhor, num momento que não poderia ser pior. É maldade com o Teori, que, em vez de chegar ungido, chega com a pergunta se vai votar ou não, pedir vista ou não, do processo do mensalão.