Título: Trabalho infantil ainda ocupa 3,7 milhões entre 5 e 17 anos
Autor: Ribeiro, Fabiana; Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 22/09/2012, Economia, p. 31

Para especialista, o consumo, e não mais a miséria, empurra adolescentes para o trabalho.

O Brasil tem 3,7 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando. Apesar de alto, o número é inferior em 567 mil do que o de 2009. Na faixa de 5 a 9 anos, são 89 mil, contra 126 mil de 2009, mostrou a Pnad. Pelas previsões de Renato Mendes, coordenador nacional do Programa Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil (Ipec), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, o país deve erradicar o trabalho nessa faixa etária no próximo ano:

- Vêm sendo intensificados os serviços públicos para essa faixa etária.

Apesar da melhora no quadro nacional, na Região Norte, houve alta de 25 mil para 31 mil no trabalho infantil na faixa etária de 5 a 9 anos. Para Mendes, um dos motivos para a piora na região foi o fechamento de 20 mil escolas no interior do Norte e do Nordeste nos últimos anos:

- Ao fecharem as escolas multiseriadas, as que ficaram foram insuficientes. Nas regiões ribeirinhas e na floresta, não se pode deixar a criança sozinha. A família acaba levando para o trabalho.

Apesar de ter caído o número dos menores entre 15 e 17 anos que trabalham, ainda há três milhões nessa situação. E a miséria não explica mais essa inserção precoce no mercado de trabalho. O rendimento domiciliar per capita dessas famílias é de R$ 520:

- O que determina é ter acesso aos bens de consumo. É uma população candidata a engrossar o universo de desempregados - disse Mendes.

Em Pernambuco, não é raro encontrar trabalho infantil, sobretudo nas feiras do interior, onde crianças atuam carregando frete. Em Recife, em domingos e feriados, crianças a partir de seis anos vendem bugigangas em Boa Viagem e perto do Mercado São José.