Título: Especialistas veem pouca transparência
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 27/09/2012, País, p. PMDB e PT

Apesar dos avanços, eleitores têm dificuldade para identificar doadores de seus candidatos

Mesmo com os avanços no acompanhamento e na transparência das prestações de contas eleitorais, as chamadas doações ocultas - que são legais, mas que não permitem identificar os candidatos beneficiados pelos recursos doados por empresas - seguem preocupando especialistas.

Segundo Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas, o mecanismo funciona da seguinte forma: os financiadores de campanhas transferem dinheiro para as contas dos partidos, sem identificar os candidatos que receberão as quantias. Os partidos distribuem então o dinheiro para os políticos nas eleições, mas sem revelar a fonte dos financiamento.

- Sabemos que, na prática, quando a empresa doa dinheiro ao partido, ela informalmente diz para qual candidato ele deverá ser repassado. Não é à toa que as empresas preferem doar aos partidos, e não diretamente aos candidatos - explica Castello Branco.

Para o especialista, o TSE precisa criar mecanismos para acabar com as doações ocultas, mesmo que isso contrarie doadores, partidos e candidatos.

- O eleitor tem o direito de não querer votar em um candidato que recebe financiamento de uma empresa de cigarro, ou fabricante de armas, por exemplo. Isso hoje é difícil de ser identificado - explica.

Especialistas reconhecem, no entanto, que houve avanços nas prestações de contas eleitorais. Neste ano, pela primeira vez, os candidatos estão sendo obrigados a informar suas arrecadações e despesas parciais, mês a mês, o que antes apenas facultativo.