Título: Vídeo contra PMDB vira guerra judicial
Autor: Onofre, Renato; Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 01/10/2012, O País, p. 4

Paes exige apuração, e Freixo quer investigação de coordenador da campanha.

A divulgação de áudio que mostra que o PMDB fluminense teria supostamente oferecido pagamento pelo apoio do PTN à campanha de reeleição do prefeito Eduardo Paes transformou a reta final da eleição num campo de ameças e processos. A coordenação da campanha de Paes analisa entrar com uma representação formal contra o principal pivô da crise, o presidente estadual do PTN, Jorge Sanfins Esch, que diz, no áudio, haver negociado favores em troca de apoio; e contra a revista "Veja", que divulgou a gravação, sábado, em seu site.

candidatos questionam

Os adversários também anunciaram ataques. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), afirmou ontem, durante caminhada na orla de Copacabana, que entrará hoje com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo uma investigação contra o deputado federal Pedro Paulo (PMDB), ex-chefe da Casa Civil da prefeitura e atual coordenador de campanha de Paes. Ele e o tucano Otávio Leite anunciaram que entrarão com uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE).

- Se houve crime, foi cometido por um deputado federal. Cabe ao procurador-geral da República encaminhar a representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigá-lo, para saber se também há um tipo de mensalão neste caso - disse Freixo, acompanhado de candidatos a vereador do PSOL e militantes do partido.

De acordo com o site da "Veja", o PMDB fluminense teria oferecido pagamento de R$ 200 mil em troca do apoio do PTN à campanha de Eduardo Paes. Ainda segundo a revista, foi negociado entre o PMDB e Esch também um acerto referente a uma suposta dívida da Rioluz, no valor R$ 800 mil.

Durante atividade de campanha ontem, no Méier, na Zona Norte, Eduardo Paes pediu a apuração dos fatos e atacou a revista:

- Esse é um não caso. Ou seja, é o típico caso de um factoidizinho de campanha na última semana em que eu sou a pessoa mais interessada que se apure. Acho que tem que parar essa história no Brasil, e faço aqui meu registro, (a maneira que) alguns órgãos de imprensa ou pessoas tratarem como tratam (esse tipo de caso). Não é só porque tem que fazer uma notícia que pode sair por aí insinuando coisas. Então, isso tem que ser apurado, e eu vou exigir que isso seja comprovado, que esse sujeito não recebeu nada e que minha candidatura não negociou com ele. As coisas têm limites. (A imprensa) precisa começar a ter uma relação mais respeitosa com o político e com as políticas.

Em nota, o deputado federal Pedro Paulo desqualificou as declarações de Freixo e anunciou que vai processá-lo por por calúnia e difamação: "Uma pena que lhe falta grandeza e conhecimento da cidade para propor algo concreto e que cative o carioca, daí a sua busca permanente em judicializar a campanha eleitoral. Contudo, com relação à sua infeliz e equivocada declaração, que em si é carregada de prejulgamentos, entrarei amanhã com uma ação de danos morais, calúnia e difamação, a fim de que lhe caiba o ônus de provar o que afirma irresponsavelmente".

Ontem, Jorge Esch disse ao GLOBO não temer a possibilidade de ser processado por sua participação no episódio.