Título: Rio tem reforço militar a partir de segunda
Autor: Ramalho, Sérgio
Fonte: O Globo, 29/09/2012, País, p. 12

Complexo da Maré e comunidades da Zona Oeste serão os primeiros locais a receber Exército e Marinha

Militares do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha vão reforçar a partir de segunda-feira a segurança de eleitores e candidatos nas 16 comunidades que integram o Complexo da Maré, na Zona Norte, além da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, e do Muquiço, em Guadalupe, na Zona Oeste. O reforço de tropas federais nessas regiões tem o objetivo de neutralizar a influência de traficantes e milicianos nas eleições de 7 de outubro.

Análises do Centro de Controle e Comando do TRE-RJ indicam que a presença de facções criminosas e grupos paramilitares nessas comunidades poderia influenciar a escolha dos eleitores. Já no início da semana, 500 homens do Exército serão destacados para atuar das 8h às 18h na Gardênia Azul e no Muquiço. Os fuzileiros navais vão atuar no Complexo da Maré.

O presidente do TRE-RJ, desembargador Luiz Zveiter, disse que as tropas federais começarão a atuar inicialmente na Zona Oeste e no Complexo da Maré, mas que, no dia do pleito, Exército e Marinha vão atuar no reforço da segurança em Magé, Campos, Itaboraí, Cabo Frio, Rio das Ostras, Macaé e São Gonçalo:

- Vamos empregar o aparato de segurança do estado, associado às tropas militares, para garantir a tranquilidade dos eleitores. A soma dessas forças foi garantida pela presidente do TSE, Cármen Lúcia, que tem feito todo o possível para auxiliar os TREs, sobretudo o do Rio.

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse ontem que, a partir de agora, todo o efetivo das polícias do estado e do Corpo de Bombeiros estarão a cargo das eleições. Ao todo, segundo ele, mais de 30 mil policiais militares serão destacados para o patrulhamento nas ruas. Beltrame acrescentou ter se reunido semana passada com Cármen Lúcia:

- A presidente do TSE disse que quer ocupar as áreas. Hoje, sem dúvida, não posso fazer isso porque, se ocupar, vou ter que mexer no policiamento rotineiro das ruas. Concordei com a vinda das tropas. Se não houvesse necessidade de ocupar áreas, a segurança do Rio teria condições de fazer o patrulhamento, mas, para nós, ocupação permanente é sinônimo de UPP, e esse não é o caso - disse Beltrame.

O secretário disse que ajudará TSE e Ministério da Defesa para formar centros de controle de informações policiais. Segundo o Ministério da Defesa, tropas de Marinha e Exército atuarão nos pontos definidos pelo TRE na capital de segunda-feira próxima até o fim da apuração dos votos. Ainda não há definição sobre o número de militares que serão enviados às cidades do interior.

Em Brasília, Cármen Lúcia evitou polemizar com Zveiter. Chateado com a decisão inicial do TSE de não fornecer tropas a municípios do interior nos dias antes da eleição, Zveiter teria cogitado dispensar toda a força federal autorizada. A ministra disse ser natural haver mudanças:

- Todos os TREs têm tido ótimo contato (com o TSE). Então não tem problema nenhum se houver mudança. Rio Grande do Norte está repensando (uso de forças federais). Alguns municípios também, pelo excesso (de tropas). É normal.

Antes da decisão tomada quinta-feira pelo TSE de reforçar a segurança na eleição no Rio, Zveiter havia reclamado da demora em atender o pedido do TRE. Ontem, Cármen Lúcia minimizou:

- O presidente do TRE do Rio é ótimo parceiro. E ele não estava pressionando. Ele estava esperando a sessão (de anteontem). Sem problema.

A presença das tropas federais não alterará a agenda dos candidatos a prefeito do Rio. Eduardo Paes (PMDB) e Otavio Leite (PSDB) consideram positivo o reforço na segurança. Marcelo Freixo (PSOL) lamentou que a vigilância não seja capaz de mudar a situação atual. Rodrigo Maia (DEM) ressaltou que a vinda das tropas serve para comprovar que ainda há insegurança no Rio.

- Quanto mais tranquilidade tivermos no processo eleitoral, melhor - afirmou Paes.

Freixo destacou que as tropas não devem alterar a situação nos currais eleitorais:

- A vinda das tropas só vai ocupar o território por uma semana. Tem impacto visual, mas não muda efetivamente a situação.