Título: Após relutar, Dilma avisa que subirá no palanque de Haddad
Autor: Damé, Luiza ; Uribe, Gustavo
Fonte: O Globo, 29/09/2012, País, p. 14
Convencida por Lula, presidente antecipa participação em comícios
Na última semana de campanha, a presidente Dilma Rousseff vai estrear no palanque do petista Fernando Haddad, candidato a prefeito de São Paulo. Depois de muito relutar, a presidente confirmou a petistas que participará do comício em Guaianases, segunda-feira. Dilma aproveitará a viagem oficial a São Paulo e pedirá votos para Haddad, que, de acordo com as últimas pesquisas, está empatado tecnicamente com José Serra (PSDB) na segunda colocação.
A expectativa inicial era de que Dilma comparecesse em comício marcado para hoje, na Zona Leste. Ante a recusa, a coordenação da campanha de Haddad recorreu a Lula, que entrou em campo ontem e a convenceu. Até agora, a presidente vem mantendo postura discreta nas eleições, limitando-se a gravar depoimentos para aliados, como Vanessa Graziotin (Manaus), Nelson Pelegrino (Salvador) e Patrus Ananias (Belo Horizonte), além de Haddad.
A presidente gostaria de aparecer mais fortemente apenas no segundo turno, para fazer a diferença nas cidades onde governo e oposição estivessem polarizados. Os custos da viagem da presidente serão bancados pelo PT, conforme determina a legislação eleitoral. A presidente viaja na segunda-feira à capital paulista para evento da revista "Carta Capital". Segundo a agenda divulgada ontem à noite, Dilma chegará a São Paulo às 18h30m. Mas a programação deve ser revista. Ela também deve gravar depoimento para o programa de TV de Haddad.
Com o risco de amargar uma derrota no primeiro turno, o PT vinha pressionando a presidente, que conta com uma aprovação de 55% na capital paulista, a intensificar a sua presença em São Paulo. Em quase três meses de disputa municipal, a participação se resumiu a uma gravação para o horário eleitoral, o que não foi suficiente para alavancar o desempenho de Haddad nas pesquisas eleitorais.
serra discute com repórter
O resultado da última pesquisa Ibope, divulgada na última terça-feira, que mostrou o candidato do PT pela primeira vez numericamente à frente do adversário do PSDB, ainda que em empate técnico, foi usado como argumento por dirigentes petistas para a participação de Dilma na reta final.
Ontem, Haddad voltou a fazer duras críticas a Serra e acusou o adversário do PSDB de "meter o bedelho" em sua campanha eleitoral. Ele ainda atacou a fragilidade do plano de governo de Celso Russomanno (PRB), que lidera as intenções de voto.
O tucano José Serra também reforçou os ataques a Russomanno. O candidato do PSDB sugeriu que o adversário "terceirizou" o seu plano de governo.
Em caminhada no bairro da Moóca, onde nasceu, o tucano discutiu com um repórter da Rede Brasil Atual. O jornalista fez uma pergunta ao candidato que, antes de respondê-la, quis saber para qual veículo o profissional trabalhava. No final da entrevista coletiva, o repórter voltou a cobrar o candidato. Serra disse que "não respondia pergunta de sem vergonha". Em nota, a campanha eleitoral do PSDB alegou que o repórter foi enviado pelo PT "para tumultar a coletiva de José Serra".