Título: Saldo comercial recua 16,8% em setembro
Autor: Oliveira, Eliane ; Freire, Flávio ; Rodrigues, Lin
Fonte: O Globo, 02/10/2012, Economia, p. 25

Dilma critica países ricos por não darem resposta adequada à crise financeira global

O saldo da balança comercial ficou positivo em US$ 2,557 bilhões em setembro, um recuo de 16,8% frente ao mesmo mês do ano passado. A corrente de comércio (exportações mais importações) brasileira somou US$ 37,441 bilhões, queda de 4,9% em relação a setembro de 2011. O fraco desempenho se deveu à queda de 5,1% das vendas externas, para US$ 19,999 bilhões. As importações atingiram US$ 17,442 bilhões, um recuo 4,6% na mesma comparação, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

No ano, o saldo comercial está positivo em US$ 15,727 bilhões, 31,8% a menos que o do mesmo período do ano passado. As exportações somam US$ 180,597 bilhões (queda de 4,9%), e as importações, US$ 164,870 bilhões, (-1,2%). A secretaria de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, destacou que, apesar da queda das exportações frente a setembro de 2011, houve aumento de 8,2% sobre agosto de 2012.

O fraco desempenho das exportações e deveu à queda de 15,6% nos embarques de semimanufaturados e de 7,9% nos de produtos básicos (matérias-primas, agrícolas e minerais), frente ao mesmo mês de 2011. Já as vendas externas de manufaturados subiram 2,9%.

Recuaram as vendas para os principais blocos econômicos: 18,2% para o Mercosul, 11,9% para Ásia, e 4,9% para União Europeia. Mas aumentaram em 10,8% para o Oriente Médio, 61% para a Europa Oriental, 10,8% para a África e 4,8% para os EUA. Os principais compradores foram China (US$ 3,145 bilhões), EUA (US$ 2,021 bilhões) e Argentina (US$ 1,480 bilhão).

"Tiramos da pobreza uma argentina"

A presidente Dilma Rousseff reconheceu ontem que o Brasil vive um cenário de turbulência provocado pela crise mundial. Segundo ela, os países desenvolvidos não foram capazes de dar uma resposta adequada à crise, e a opção pela austeridade produziu mais recessão e desemprego no mundo.

- É inegável que a crise nos afeta, mas combinando responsabilidade fiscal e estímulo à produção e emprego, temos nos saído melhor que muitos países - afirmou Dilma em evento promovido em São Paulo pela revista "Carta Capital", no qual Eike Batista ganhou o prêmio de "Empresário Mais Admirado". - Nossa economia vai continuar crescendo, embora em ritmo menor.

Diante de centenas de empresários, Dilma destacou, entre as medidas de seu governo para enfrentar a crise, desoneração da produção, redução da carga tributária (como o IPI) e regimes especiais de tributação. Ainda assim, ela fez um mea-culpa:

- De forma alguma o que temos é a reforma que desejamos.

Em seu discurso, de quase 40 minutos, a presidente ainda fez questão de frisar a inclusão de 40 milhões de pessoas na classe média:

- Tiramos da pobreza (o equivalente a) uma Argentina.