Título: Desemprego na zona do euro tem nível recorde
Autor: Haidar, Daniel
Fonte: O Globo, 02/10/2012, Economia, p. 27

Taxa chega a 11,4%. Dados da indústria também mostram fraqueza; já EUA animam Bolsas

O desemprego na zona do euro continuou em máximas recordes em agosto e o número de pessoas sem trabalho subiu novamente, refletindo a crise europeia. Nos 17 países que adotam a moeda única, o desemprego atingiu 11,4% da população economicamente ativa em agosto, leitura considerada estável ante julho, mas outras 34 mil pessoas ficaram desempregadas no mês, informou ontem o escritório de estatísticas da União Europeia (UE) Eurostat.

Com isso, há 18,2 milhões de desempregados na zona do euro, o maior nível desde que se adotou a moeda única em 1999. As taxas mais altas foram registradas em Espanha (25,1%) e Grécia (24,4%). As mais baixas, em Áustria (4,5%) e Luxemburgo (5,2%).

Uma "nova recessão"

Dados do setor industrial da zona do euro também indicaram uma crise mais aguda. Nos três meses até setembro, o setor teve sua pior performance em três anos, com as indústrias afetadas pela queda da demanda, segundo a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI) divulgada ontem.

O índice PMI subiu para 46,1 em setembro, ante 45,1 em agosto e acima da leitura preliminar de 46,0. Mas esse foi o 14º mês abaixo da marca de 50, que separa crescimento de contração.

- Apesar de verem alívio na taxa de declínio mês passado, os produtores industriais na zona do euro sofreram o pior trimestre em três anos - disse Chris Williamson, economista-chefe do instituto Markit, que faz a pesquisa.

Uma série de dados fracos na região convenceu muitos economistas de que o bloco caiu em nova recessão no trimestre e que não crescerá de novo até o 2013, destacou a agência Reuters.

Também a indústria dos EUA teve o pior trimestre em três anos (51,4). Mas um relatório do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) mostrou expansão em setembro: o índice de atividade industrial subiu para 51,5, contra 49,6 em agosto.

O dado, melhor que o esperado, animou as Bolsas no país e no exterior. Também o resultado da auditoria nos bancos espanhóis, que mostrou condições melhores do que as estimadas, foi motivo de otimismo. Na Europa, Londres subiu 1,37%; Frankfurt, 1,53%; Paris, 2,39%; Milão, 2,83%; e Madri valorizou-se 0,98%. Nos EUA, o índice Dow Jones teve alta de 0,58%; S&P, de 0,27%; e só Nasdaq perdeu 0,09%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo, fechou em alta de 0,67%, após quatro sessões de queda. Tiveram destaque no dia as ações da B2W, dona dos sites Submarino.com e Ingresso.com, que subiram 10,05%, apoiadas em expectativas de resultados melhores da companhia no terceiro trimestre.

Entre as ações mais negociadas, as preferenciais (PN, sem direito a voto) da Vale caíram 0,09%, enquanto Petrobras PN avançou 0,63%. OGX Petróleo ON (com voto) caiu 2,60%. O dólar comercial fechou a R$ 2,026 na venda.